JORNALISMO EM DESTAQUE

485º Aniversário da Cidade de Angra do Heroísmo

sexta-feira, 29 de março de 2019

Do poeta, escritor, jornalista, Luís Fernando Veríssimo


VICE

Dan Quayle foi vice-presidente dos Estados Unidos na gestão do Bush pai. Não tinha credencial aparente para o cargo e era um político tão medíocre e inexpressivo que logo surgiu um boato: caso acontecesse alguma coisa com o presidente Bush, o Serviço Secreto tinha ordens para sequestrar Quayle imediatamente e mantê-lo escondido até que fizessem novas eleições. Quayle também mereceu uma frase solidária do Nixon, segundo o qual os medíocres do país também precisavam ser representados.

A história política do Brasil a partir de Vargas tem sido uma sucessão de crises de sucessão, com vices influenciando diretamente a confusão – Jango substituindo Jânio, governando sob tutela e finalmente abatido, os generais de 64 se sucedendo mutuamente, a melancólica figura de Pedro Aleixo, vice de Costa e Silva, preparando-se para assumir a Presidência com a doença do general, uma ilusão que não durou 15 minutos, o Sarney substituindo o Tancredo Neves, o Itamar substituindo o Collor, o Temer substituindo a Dilma...

É sempre bom lembrar o que os vices significaram no nosso passado, e o que ainda podem aprontar no futuro. A perspectiva de sermos governados pelo general Mourão só obriga o Bolsonaro a zelar muito pela sua própria saúde, vacinar-se contra a gripe e controlar o colesterol. Se bem que há uma certa injustiça na reação ao que o general disse sobre a indolência dos índios e a malandragem dos negros, estereótipos antigos, simplistas, racistas e lamentáveis, certo, mas redimidos por uma triste realidade: grande parte da população branca do Brasil pensa a mesma coisa. E há os que veem na figura do simpático general uma alternativa para o presidente errático que ainda não acertou o passo.
Entre as conspirações circulando por aí a mais bacana é a teoria do policial bom – o general Mourão só esperando a vez de substituir o policial mau, o Bolsonaro, que ninguém acredita que vá durar. Já estaria tudo combinado.
Carlos Alberto Alves

Sobre o autor

Carlos Alberto Alves - Jornalista há mais de 50 anos com crónicas e reportagens na comunicação social desportiva e generalista. Redator do Portal Splish Splash e do site oficial da Confraria Cultural Brasil-Portugal. Colabora semanalmente no programa Rádio Face, da Rádio Ratel, dos Açores. Leia Mais sobre o autor...

Sem comentários:

Enviar um comentário