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sexta-feira, 31 de maio de 2019

OS MAUS E OS BONS POLÍCIAS - Polícia Serafim


OS MAUS E OS BONS POLÍCIAS

Em tudo que tem o cunho militarizado há sempre os maus e os bons. Há militares e militares, há polícias e polícias, como em toda e qualquer profissão. Contudo, aqui é um pouco diferente. Vem isto a talho de foice por uma conversa que tive com um amigo meu do facebook, antigo comissário da PSP, falando-se dos temperamentos opostos entre os chefes Mendes (já falecido) e Bettencourt.
O Mendes calmo e inteligente na sua forma de agir e o Bettencourt sempre arvorado em “Xerife”, como tivesse o “rei na barriga”. Esta a minha definição pelo que conheci dos dois graduados da PSP de Angra do Heroísmo. 

Mas, sem ser uma história entre policias e ladrões, há que dizer que muitos polícias que serviram o destacamento de Angra do Heroísmo têm casos interessantes, uns mais do que outros, como se compreende. De policias, já não falo mais do “policia batata” esse “corisco mal amanhado” que andava sempre atrás de nós quando jogávamos à bola no Caminho Novo. Quando ele aparecia, a malta logo passava a palavra: “vem aí o batata com massa malagueta”.

Mas há um que era mesmo uma bondade. Na rua, no futebol, enfim, por onde passava em serviço não queria que mexessem com ele. Quanto ao resto, aplica-se hoje a letra daquela canção do Zeca Pagodinho “deixa a vida me levar”. Era assim esse agente. Gostava da sua pinga, é verdade. Meu pai também gostava muito e hoje não me importava nada que ele fosse vivo e tomasse um garrafão de cinco litros de dois em dois dias. Pelo menos, sabia que ainda podia lhe dar um abraço.

 Estou quase como o Macide que, numa crónica de futebol, se esqueceu de colocar o resultado. Quem a leu, não ficou a saber o resultado. Afinal, quem-é-quem o nosso policia-de-crónica? O meu amigo Serafim, cujos filhos jogaram no Lusitânia, os netos também (embora dois tenham passado, posteriormente, pelo Marítimo e Angrense) e dois genros (Morgado e Carlos João Ávila) que foram dirigentes no clube verde-branco. Dos netos, sempre gostei de todos, mas o que mais me impressionava pela sua calma e bondade foi o Marco quando jogava no Angrense e eu lá estava como secretário-técnico.

O nosso amigo policia-de-crónica em serviço no Campo de Jogos de Angra ficava ali quietinho, no peão ou na bancada, sem se preocupar com o resto. Muitas vezes deve ter pensado: “só não quero é que mexam comigo”. E em muitas ocasiões deve ter dado um toquinho na perna direita, para a frente, quando o Lusitânia desferia um remate à baliza do adversário. Só não pulava nos golos porque dava muito nas vistas. Só não sei, também, se alguma vez repreendeu espectador que tenha chamado um nome feio ao filho (o nosso “milheiro”) quando este falhava uma intercepção de bola e o adversário marcava.

 À saúde do Serafim e de meu pai, porque às vezes se juntavam ali na Casa Leão (do Manuel dos Biscoitos) sita na Rua de Jesus, hoje vou beber meia-bola de tinto. Cheiro é coisa que não existe por estas bandas. Só cheiro de outras coisas.


Carlos Alberto Alves

Sobre o autor

Carlos Alberto Alves - Jornalista há mais de 50 anos com crónicas e reportagens na comunicação social desportiva e generalista. Redator do Portal Splish Splash e do site oficial da Confraria Cultural Brasil-Portugal. Colabora semanalmente no programa Rádio Face, da Rádio Ratel, dos Açores. Leia Mais sobre o autor...

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