Dias de meditar
As mãos esquecidas, no sossego brando da vida, numa paz sem tormento, que põe nos olhos o fulgor que os nomes e os livros não dizem.
Ando a ver se não perco a emoção que retempera, o consolo que devolve a luz à voz.
O cansaço que avassala o espírito não tolhe a inspiração, mas interrompe o sonho…
Ergo as palavras no silêncio das mãos.
E fecho-me nelas pelo lado de dentro,
Com as chaves de um entendimento brando,
As palavras tem assim luz própria, como uma estrela,
Ou uma comunhão de pétalas…
ETIQUETAS: MÃOS, MEDITAR, PALAVRAS, VIDA
Quando os cântaros do céu se entornam e as aves tentam roçar a lua
Habito do lado dos que misturam
As nervuras com cetins, e assim as fazem rimar
Numa magia profunda… densa,
Que aglutino e condenso em mim…
Janelas por dentro se abrem,
Brilham e nascem as letras…
Dançam… Pensam…
Tornam-se o reino das coisas,
Onde tudo vem por dentro
Dum lugar varrido… limpo.
E emerge, cresce subindo
No caule do fio do pensamento,
Esta minha moradia,
Na pura e simples nudez
Com que se veste o coração
É assim, encostada á vida.
A minha morada de hora imprecisa
Perde-se em sonhos, inventados da mente
Trazendo-me á boca raras palavras
De que raro falo,
Porque ser-se assim é por dentro!
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