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segunda-feira, 24 de junho de 2019

Recordando crónicas passadas - Poetas que merecem ser recordados


Poetas que merecem ser recordados

Carlos Alberto Alves

Que me pese neste momento a falta de engenho e arte, para falar sobre dois grandes e ilustres Poetas que vão ficar imortalizados no Parque dos Poetas, em Oeiras.

Já alguém disse que os Heróis, os Santos e os Poetas formam uma Trilogia Imortal. E Antero de Quental e Natália Correia, a essa perenidade pertencem. Mas, por ora, só vou falar de Natália Correia. Falar de Natália Correia, a voz da “MÁTRIA” televisiva que definiu «Um poema não é o canto/que do grilo para a rosa cresce./Um poema é o grilo/é a rosa/e é aquilo que cresce” - será, talvez, para mim, mais difícil, dada a nossa contemporaneidade. Escritora, poetisa, romancista, dramaturga e investigadora literária, Natália Correia, nasceu em São Miguel no dia 13 de Setembro de 1923 e faleceu em Lisboa a 16 de Março de 1993, “precisamente com 69 anos e 6 meses, nem mais um dia nem menos um dia”, como gostava de frisar o Dórdio Guimarães, seu último marido. A mãe de Natália, também escritora publicou com o pseudónimo de Ana Maria, 2 romances: Almas Inquietas e Plano Inclinado. Não admira, pois, que a ela tenha dedicado o livro Poemas (1955) “A ti, Mãe, primeira maravilha dada aos meus olhos, eu dedico estes poemas. Subida da tua carne, a minha luz pertence-te. Toma a minha dor e a minha alegria e este desespero que floresce à sombra do teu mistério”. Natália começou a escrever no “Portugal Madeira e Açores” a 17 de Março de 1945. Autora de inúmeros livros de poesia, entre os quais Rio de Nuvens (1947), Poemas (1955), Passaporte (1958), O Vinho e a Lira (1965). O Dilúvio e a Pomba (1979), Sonetos Românicos (1990) com que foi distinguida com o Grande Prémio da Associação Portuguesa de Autores as peças de Teatro Erros Meus. Má Fortuna, Amor Ardente, peça em 3 actos encomendada à Autora pelo Teatro Nacional D. Maria II para celebrar em 1960 o 4°. Centenário da morte de Luís Vaz de Camões e com tema musical do Maestro César Batalha a Pécora (1983) e o ensaio Somos Todos Hispanos (1988). Em 1987 foi distinguida com o prémio Fleur de Laure, atribuída à melhor poetisa dos países românicos. A sua escrita profundamente feminina, constituiu-se como corajosa intervenção cultural e política na oposição ao regime até 1974. De referir, também, que a peça O Au­to de Santo Melancia escrita em 1967, foi imediatamente impedida de ser publicada pelo antigo regime. Todavia, depois de publicada em 1989 foi representada pela Comuna no 1°. Festival da Convenção Teatral Europeia, em Saint Etienne (França).

Natália foi ainda diretora da Revis­ta “Vida Mundial” e entrou para a Assembleia da República em 1979.

O “Botequim” no Largo da Graça, era o ponto de reunião e de convívio dos intelectuais de então e nele lhe foi prestada uma homenagem póstuma promovida pelo Dórdio, seu proprietário. Também em sua homenagem a Autarquia deu o seu nome à rua que liga a da Graça ao Largo de Sapadores. E no Bairro Padre Cruz, a “Biblioteca Natália Correia” funciona no Bairro Social Polivalente.

O amor de Dórdio Guimarães pela Natália e que durou 30 anos, era praticamente um amor platónico, de que a Natália por vezes se ria, mas, que ele levou sempre a sério, tanto que, após o falecimento da sua “Cyntia” o álcool e o tabaco destruíram-no em pouco mais de um ano.
Todavia, a Natália continua viva através dos seus versos.

E na Casa-Museu onde nasceu estão as suas cinzas ao lado das de Dórdio, o seu espólio literário e o seu busto da autoria de Martins Correia. Enfim, eternamente ficará o seu AUTO-RETRATO:

NOTA FINAL – Benfica-Sporting, dois baluartes do futebol português, inauguraram, em 21 de Abril de 1976, o Estádio de Ponta Delgada. Como repórter, ao serviço de “A Bola”, na companhia do meu colega Aurélio Márcio Alves da Costa (recentemente falecido), participei na festa. Na viagem entre Lisboa e Ponta Delgada, Natália Correia esteve ao nosso lado, conversando abertamente. Ela que assistiu ao jogo, convidada pelo General Altino Pinto de Magalhães, na altura líder da Junta Nacional para os Açores, formada após o 25 de Abril de 1974. E, já agora, dizer que o Sporting venceu o Benfica por 4-3, com Manuel Fernandes a inaugurar o marcador.

Carlos Alberto Alves

Sobre o autor

Carlos Alberto Alves - Jornalista há mais de 50 anos com crónicas e reportagens na comunicação social desportiva e generalista. Redator do Portal Splish Splash e do site oficial da Confraria Cultural Brasil-Portugal. Colabora semanalmente no programa Rádio Face, da Rádio Ratel, dos Açores. Leia Mais sobre o autor...

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