Quando apenas se ouvia falar da Jovem Guarda
Por: Carlos Alberto Alves
De cantores brasileiros, e reportando-me aos meus tempos de menino e moço, tempo esse em que já gostava de ouvir música através de um pequeno rádio que minha avó paterna tinha lá em casa, as principais referências foram Ângela Maria, Agnaldo Timóteo e Agostinho dos Santos. Digamos que, lá para a minha santa terrinha – e não só -, esses cantores eram muito solicitados no Programa Que Quer Ouvir, do Rádio Clube de Angra. Duas horas que prendiam as pessoas ao rádio, visto que, naquela altura, era o que havia. Gira-discos de 33 e 78 rotações, só estava ao alcance dos ricos. Hoje, felizmente, devido inclusive às facilidades de pagamentos, qualquer pessoa já pode comprar uma razoável aparelhagem, não esquecendo que há televisões com belíssimo som estéreo, bastando apenas ligar um DVD ou um leitor de CD’s. Apesar de tudo, a grande diferença dos tempos, da tecnologia em si e do próprio poder de compra.
Com o passar do tempo, curto, é certo, surgem as vozes de Roberto Carlos e Erasmo Carlos. As vozes que seriam muito divulgadas pelas rádios e os discos de 33 e 78 rotações (no Brasil diz-se vinil) colocados nas lojas da especialidade. Era, lembro-me muito bem, um corre-corre para adquirir um LP ou um 33 rotações. Repito aqueles que tinham condições financeiras para fazê-lo, isto porque no tempo comentava-se que quem comprava um gira-discos era rico ou remediado. Mas o importante é que no programa de “discos pedidos” já muito se ouviam as vozes de Roberto Carlos e Erasmo Carlos, uma dupla que sempre se completou muito bem. E, depois, já como adulto, já com o estatuto de remediado (a rico nunca cheguei, a não ser de espírito), passei a ter uma aparelhagem sonora de boa qualidade e, então, já englobava o número (digamos muito crescido) de pessoas que, regularmente, passavam pelas lojas da especialidade, perguntando se tinham chegado discos dos “primos Carlos”. Era assim que os considerávamos.
Paulatinamente, e com o crescimento da minha estante de discos – dos portugueses, lembro-me que não perdi nenhum do Conjunto Académico João Paulo, depois com o nome de João Paulo 70 -, fui-me cultivando por via das informações contidas nos LP´s (sobretudo estes), daí ficar inteirado do espírito que norteava a Jovem Guarda, onde Roberto e Erasmo despontaram. E, aqui, até se pode fazer certo paralelismo com os Companheiros da Alegria que, em Portugal, lançaram muitos cantores que não passavam de desconhecidos. Recordo-me perfeitamente que um terceirense, de nome João Fernandes (depois, artisticamente falando, passou a identificar-se como Guy Fernandes), foi convidado para participar num dos programas dos Companheiros da Alegria, com bastante êxito, sublinhe-se.
Volvidos muitos anos, ainda ouço falar, aqui no Brasil, onde me encontro a viver, da Jovem Guarda. Afinal, e bem vistas as coisas, a Jovem Guarda continua bem presente no espírito de muita gente, eu incluído. Quando pela primeira vez ouvi falar da Jovem Guarda, até pensei tratar-se de uma instituição de caridade para guardar jovens. Não foi isso, mas, serviu para trazer à ribalta nomes que se tornaram sonantes no panorama musical, tendo como principal referência o nosso King Roberto Carlos.

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