UM JOEL E OUTRO JOEL
Verdade seja dita que Joel não é um nome muito comum, em comparação com António, Manuel, João, Francisco, Carlos, apenas para citar estes. O leque é muito grande. Ora, amigos com o nome Joel, encontrei dois e de gerações bem diferentes. O primeiro, Joel António Gomes, barbeiro de profissão, tinha a sua oficina onde funciona (ou pelo menos funcionava. Não sei se ainda existe) a Mini-Foto. Joel Gomes foi dos bons jogadores que passaram pelo Lusitânia, tal como o seu irmão, Orbelo Gomes, que foi guarda-redes – no final da sua carreira ainda representou o Marítimo do Corpo Santo.
Joel Gomes era uma pessoa tranqüila, sempre bem disposta. Tinha uma óptima relação com os seus clientes, independentemente da classe social. Era um amigo especial da família do Dr. José Correia Bretão, sobretudo dos filhos, em especial o Luís – “Bilua” como também lhe chamava -. Mas era por ali que paravam alguns estudantes do Liceu de Angra que moravam nas ruas limítrofes. Dava sempre para uma conversa animada na Barbearia do Joel. Tal como grande parte da família, o Joel Gomes, mais tarde, emigrou para os Estados Unidos, onde faleceu. Portanto, deixou saudades entre os amigos. E penso que muitos deles, ao lerem esta matéria, recordarão a figura do Joel António Gomes. Não sei se, no rol dos vivos, ainda estarão alguns ex-companheiros dos tempos em que jogou no Lusitânia. Creio que sim.
Lembro-me que, num belo dia, disse ao Joel em tom de brincadeira: esta tua Barbearia precisa crescer. Tens que ser um forte concorrente do teu colega de profissão, Cristiano Romeiro, que era, também, outro indefectível lusitanista. Só que a Barbearia do Cristiano era mesmo de rico. Por isso, é que o Joel me respondeu: “eu sou um barbeiro pobre, ganho para viver”.
Numa das vezes que treinei os juvenis do Lusitânia (não foram poucas), apareceu-me lá um rapazinho da Terra Chã, com o nome de Joel Neto. Ainda esteve lá um tempinho (pouco, é certo), mas depois desistiu. Os tempos foram passando, o dito cujo foi trabalhar para a Tabacaria Angra e, simultaneamente, colaborava com o Mário Rodrigues na página desportiva do jornal “Diário Insular”. Um dia eu disse a alguém, pelo que lia do JN: este moço vai ter um grande futuro se seguir carreira. E, de facto, dentro da continuidade dos seus projectos de vida, Joel Neto foi estudar para Lisboa, colaborou na Gazeta dos Desportos,formou-se, (ainda foi meu colaborador quando eu chefiava, em São Miguel, a redacção do Jornal do Desporto. Tal como foi o João Rocha), deu o salto para o Record e outros jornais, um deles o recém-desaparecido das bancas, o 24 Horas. Joel Neto, tenho que confessar, impôs-se pela sua grande capacidade, como atestam, por exemplo, os livros que já escreveu - “O Terceiro Servo” (romance, 2000), “O Citroën Que Escrevia Novelas Mexicanas” (contos, 2002), “Al-Jazeera, Meu Amor” (crónicas, 2003), “José Mourinho, O Vencedor” (biografia, 2004), "Todos Nascemos Benfiquistas – Mas Depois Alguns Crescem" (crónicas, 2007) e "Crónica de Ouro do Futebol Português" (obra colectiva, 2008). Está traduzido em Inglaterra e na Polónia, editado no Brasil e representado em antologias em Espanha, Itália e Brasil, para além de Portugal.
Hoje, tanto quanto sei, optou por ser freelance. Foi melhor, foi pior? Só ele sabe. Mas, pelos vistos, não está nada arrependido, o que tudo leva a crer que foi muito melhor.
Hoje, e para mim surpreendentemente, Joel Neto é um dedicado e activo jogador de golfe. Dedicado e dos que mais divulga a modalidade, como se constata, por exemplo, no facebook. Não sei se chegará a campeão. O que sei, isso sim, é que, com os seus 36 anos de idade, já foi longe na escrita, merecendo encómios de outros colegas e admiradores, entre os quais a minha pessoa.Será que, no próximo ano, vamos ter o Joel Neto a incorporar uma Marcha das Sanjoaninas? Talvez... Uma coisa eu tenho a certeza: não lhe faltará imaginação para escrever a letra de uma marcha, preferencialmente a Marcha da Terra Chã. Alegra a família e os amigos da freguesia.
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