JORNALISMO EM DESTAQUE

485º Aniversário da Cidade de Angra do Heroísmo

sexta-feira, 5 de julho de 2019

As cortesias do senhor Aurélio da Fonseca


AS CORTESIAS DO SENHOR AURÉLIO FONSECA

Estou escrevendo este artigo já dentro do espírito da quadra natalícia, não sabendo, porém, a data da sua publicação, uma vez que já tinha outros prontos a seguir para a redação de A União. Para, além disso, como se tratam de artigos que não têm concorrência, não me preocupo com o timing de saída. Gosto isso

sim de ter artigos feitos para seguirem na sua própria oportunidade, isto é, sabendo que tenho no computador, e seguindo um género de linha comercial, material em “stock”. Não me preocupo com o chegar do dia (segunda ou sexta-feira) e não ter nada para enviar ao meu grande amigo João Rocha, editor deste jornal. E, na verdade, desde que aqui estou, nas circunstâncias conhecidas, ainda não falhei. E penso que isso não vai acontecer enquanto a minha memória estiver a funcionar em pleno, não obstante de já ter errado numa ou outra situação, não muitas, é certo. Mas uma memória “sem brancas” não tem graça alguma. Pelo menos é motivo para aqueles que nada fazem criticarem. São esses que estão sempre à espera dos nossos erros e/ou omissões.

Domingo, 11 de Dezembro, estava a poucas horas de sintonizar a Antena 1 – Açores para ouvir os relatos do nosso futebolzinho. A saudade bate sempre, com mais ou menos qualidade dos clubes que estão inseridos nas divisões secundárias do futebol nacional. Clubes açorianos, claro, designadamente os da minha terra. Mas, neste domingo, 11, comecei a fazer contas de somar (“sumir” ainda não quero) em relação aos dias que faltavam para a celebração do Natal. Uma lágrima caiu quando recordei que, em 2010, estava junto dos meus familiares e dos muitos amigos que lá estão na santa terrinha. E a recordação voltou-se, depois, para os tempos de infância e de jovem. O tempo em que muito parava na Rua do Santo Espírito, descendo a Rua do Morrão. Quando esperava por algum amigo que frequentava a escola particular do Tenente Areias, que contou com uma excelente professora, do meu bairro (o Corpo Santo), a D. Mercês que morava por cima da mercearia do nosso grande amigo, Manuel Basílio, pai do Ildeberto Alves, do Hélio, da Manuela e da Maria Alice. O Hélio infelizmente faleceu e os outros três vivem em Fall River e com eles convivi algumas vezes durante as minhas passagens jornalísticas pelos States.  Falava da paragem na Rua de Santo Espírito que também teve a ver, e muito, com as lojas do senhor Aurélio da Fonseca (pai do ex-secretário da cultura com o mesmo nome). Os brinquedos da época que nos fascinavam e, obviamente, porque hoje já não há muita gente com estas características, as cortesias do senhor Aurélio para quem passava e, naturalmente, para todos aqueles que entravam nas suas lojas, nomeadamente a chamada “Casa Mãe”, creio que onde ele mais parava. Ainda me lembro do empregado Silva que mais tarde foi dono do MiniMax na Rua da Sé. O senhor Aurélio era um cara (permitem-me o brasileirismo) que irradiava simpatia e boa disposição, aliás, como acontecia com os outros irmãos, também comerciantes, mas em outra área. A minha relação foi, depois de adulto, mais frequente com o Fausto (“o carequinha”), pela Recreio, por procurar a sua loja quando queria uma roupa com mais qualidade e, claro, por ser amigo do filho (do mesmo nome) que, felizmente, encontrei, na minha recente visita à Terceira, o mesmo dizendo do Dr. Aurélio da Fonseca. E era quase sempre no Modelo que encontrava a maioria dos amigos e conhecidos.

Ficou aqui o retrato (não tão bem como eu pretendia) de um dos mais conhecidos e venerados comerciantes do burgo angrense, arauto de uma impressionante delicadeza com as suas cortesias da praxe.

Carlos Alberto Alves

Sobre o autor

Carlos Alberto Alves - Jornalista há mais de 50 anos com crónicas e reportagens na comunicação social desportiva e generalista. Redator do Portal Splish Splash e do site oficial da Confraria Cultural Brasil-Portugal. Colabora semanalmente no programa Rádio Face, da Rádio Ratel, dos Açores. Leia Mais sobre o autor...

Sem comentários:

Enviar um comentário