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domingo, 14 de julho de 2019

Da escritora Graziela Veiga - UMA PROFESSORA MUITO ESPECIAL


UMA PROFESSORA MUITO ESPECIAL

Hoje, comecei a fazer uma retrospectiva da minha vida e reportei-me ao tempo de estudante na Escola Secundária Jerónimo Emiliano de Andrade. Recordei os Professores, nomeadamente uma Professora que me marcou profundamente, a Professora Alda de Sousa, Azevedo, apelido do marido. 

Nós éramos quatro alunas de Francês, todas das Doze Ribeiras. Além de ser Professora de Francês, a Professora Alda era nossa amiga, sem no entanto, se distanciar do seu papel de ensinar, pois era essa a sua função principal. 

Havia um carinho recíproco. A Professora Alda nutria uma amizade tão grande por nós que, quando havia oportunidade, e a matéria estava adiantada, conversávamos sobre as nossas vidas. Partilhámos tantas coisas. Os nossos amores e desamores, emoções, gostos e acima de tudo a amizade, uma componente tão forte que, por vezes, nos esquecíamos que estávamos numa aula de Francês. 

A amizade por esta Professora, sedimentou-se de tal forma que, passámos a fazer parte do seu círculo de amigos, pois além de sermos alunas, já éramos consideradas amigas. E dizia ela - Que pena que eu tenho, não termos tempo para angariarmos dinheiro e irmos passar umas férias todas juntas, com o meu marido a conduzir. Nós iríamos a Francça, já que vocês deram a História de França e seria o máximo. (sorrisos) 

E com o decorrer do tempo, tivemos o prazer de visitá-la na sua casa, onde passámos um momento agradável, partilhado pela família, o marido e os dois filhos. 

Pelas várias vicissitudes e circunstâncias da vida, deixei de a ver e, sinceramente, não por não pensar nela, mas pelo pouco tempo e porque as nossas vidas deixaram de se cruzar, mas a amizade que eu lhe tinha, é aquela que se mantém. 

Passados anos, estava eu no Centro de Saúde, quando um casal se aproxima de mim, no corredor, onde eu estava sentada a aguardar a minha vez. Reconheci o Sr. Jorge Azevedo, mas reparei na pessoa que o acompanhava e suscitou-me dúvidas.

De repente, a Senhora olha para mim e diz-me - Sim, sou eu, minha amiga. Estou diferente e muito inchada da medicação. A Graziela sabe, eu estive na Casa de Saúde. 

Eu respondi-lhe categoricamente - E qual é o problema! A Casa de Saúde é o lugar onde as pessoas se tratam, um lugar como outro qualquer, ao que ela respondeu. 

A Graziela sabe bem que não. As pessoas ficam conotadas. 

Respondi-lhe - Eu não penso assim. Tenho o maior respeito pelas pessoas que tiveram a infelicidade de ficarem doentes e necessitaram dos cuidados que a Casa de Saúde oferece. 

Disse-me ela - A Graziela é deveras minha amiga, pois não é qualquer pessoa que pensa assim. Por isso, tenho vergonha de aparecer e tento ficar em casa o mais que posso. Mas quero que me vá visitar. Poderá encontrar-me de robe, mas terei muito gosto em recebê-la, a fim de nós recordarmos os velhos tempos. 

E assim fiz. Fui a casa dela, até com a minha filha. Quando cheguei lá, informaram-me que a Professora Alda já não se encontrava em casa, pois estava a residir na Santa Casa da Misericórdia. 

Ainda não fui lá, mas penso ir em breve, pois não quero deixar de rever uma Professora que foi tão especial e querida na minha vida. 

É muito bom estudar, mais ainda, quando encontramos Professores assim. Tenho um grande orgulho em ter sido aluna da Professora Alda Azevedo.

08-07-2019
Graziela Rocha Veiga
Carlos Alberto Alves

Sobre o autor

Carlos Alberto Alves - Jornalista há mais de 50 anos com crónicas e reportagens na comunicação social desportiva e generalista. Redator do Portal Splish Splash e do site oficial da Confraria Cultural Brasil-Portugal. Colabora semanalmente no programa Rádio Face, da Rádio Ratel, dos Açores. Leia Mais sobre o autor...

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