JORNALISMO EM DESTAQUE

485º Aniversário da Cidade de Angra do Heroísmo

segunda-feira, 22 de julho de 2019

O VELHO CAPITÃO MÁRIO WILSON E O CRUCIFICADO JORGE JESUS


O VELHO CAPITÃO MÁRIO WILSON E O CRUCIFICADO JORGE JESUS

Será que posso falar de treinadores de futebol? Creio que sim, pela minha experiência na área e, também, fundamentalmente, pelo meu acompanhamento jornalístico ao longo de todos estes 51 anos de atividade. Convivi, dentro da referida componente, com muitos treinadores, alguns deles já falecidos, o mais
recente Fernando Cabrita quando este passou pelo União de Tomar e pelo Beira – Mar do estratega António Sousa - Hoje nas divisões secundárias também como técnico.

Lembro-me de muitas conversas tidas com esses treinadores, óbvio que muitos deles, pretendendo defender a sua dama e, sobretudo, o seu posto de trabalho que, como é sabido, sobrevive muito a expensas dos resultados positivos. Por exemplo, aqui no Brasil onde me encontro são frequentes as chamadas “chicotadas psicológicas”. E no atual Brasileirão, com 11 rondas disputadas, mais de sete técnicos foram à vida, um deles o nosso bem conhecido Felipão, saído do Grémio de Porto Alegre em função dos maus resultados. E manda a verdade dizer que esta “chicotada” surtiu os seus efeitos, atendendo a que os gremistas já estão colocados nos lugares cimeiros. Ai Felipão, Felipão...

Quando estagiei no Benfica, que foi campeão nessa época de 77/78, Mortimore, coadjuvado pelo meu querido amigo professor Rui Maurício Silva, sempre denotou uma enorme segurança, bem à inglesa. Um verdadeiro “gentlemen”.
Mas futebol é isto mesmo, de bestial passa-se para besta e vice-versa. Jorge Jesus, por exemplo, quando estava no Benfica era debochado pelos sportinguistas pela forma em como se expressava, portuguesmente falando.  Hoje, depois de virar agulhas para o outro lado da primeira circular de Lisboa, assinando contrato pelo grande rival do grémio da Luz, é crucificado pelos benfiquistas.

E vou terminar com uma frase do Mário Wilson: “Qualquer treinador que esteja no Benfica, se sujeita a ser campeão”. Ele foi campeão, daí esta sua firme asserção.

Conheci Mário Wilson quando ele estava na Académica de Coimbra, na digressão que a “briosa” fez por Angola em 1966, tendo eu sido o árbitro do jogo com a Seleção do Bié (Silva Porto) e cujo resultado se cifrou numa vitória dos estudantes por 1-0. Não foram favas contadas, não. E fui criticado por Mário Wilson quando expulsei o jogador Bernardo, outro que também hoje é técnico. Depois mais uma convivência com Mário Wilson quando este, em 1968, veio à ilha Terceira, comandando o Belenenses (do meu amigo Eduardo Laurindo Silva, que por sinal fez parte da tal Seleção do Bié) na disputa de uma eliminatória (dois jogos) da Taça de Portugal com o Lusitânia de outro velho amigo de infância, o falecido Luís Manuel Linhares Coelho, vulgo “Airosa”.

E este contato com Mário Wilson terminou quando, em Lisboa, numa noite de grande dilúvio, assistimos juntos, (por mera coincidência dos lugares na bancada central do Estádio da Luz) ao jogo Benfica – Liverpool (1-4), para a então denominada Taça dos Clubes Campeões Europeus. E ainda hoje me recordo da frase do Mário Wilson, o velho capitão: “Hoje não foi, seguramente, a noite do Benfica”, isto quando o clube da cidade dos Beatles chegou aos 4-1.

Carlos Alberto Alves

Sobre o autor

Carlos Alberto Alves - Jornalista há mais de 50 anos com crónicas e reportagens na comunicação social desportiva e generalista. Redator do Portal Splish Splash e do site oficial da Confraria Cultural Brasil-Portugal. Colabora semanalmente no programa Rádio Face, da Rádio Ratel, dos Açores. Leia Mais sobre o autor...

Sem comentários:

Enviar um comentário