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quarta-feira, 24 de julho de 2019

Recordando artigos publicados - DEIXAR A UNIÃO É DOLOROSO


DEIXAR A UNIÃO É DOLOROSO 

Publicado na Quarta-Feira, dia 28 de Novembro de 2012, jornal A União

Já aqui escrevi em 20 de maio de 2010, que este jornal tem sido uma casa de trajetos para muita gente, desde funcionários, jornalistas e colaboradores. Na sequência, e em outra data, obviamente, também escrevi sobre o exemplo de Elvino Lourenço em função dos seus 40 anos de casa. Sintomático!

Com praticamente 120 anos de existência, o jornal A União, com maiores ou menores dificuldades, com maiores ou menores qualidades, sempre procurou estar em todas as frentes no que concerne à cobertura dos grandes acontecimentos, não descurando, por outro lado, as notícias de rotina, o que, aliás, foi sempre apanágio do vespertino hoje com a consoladora realidade de ter passado a matutino, não obstante as dificuldades que, para o efeito, a empresa União Gráfica Angrense deparou, dificuldades essas hoje bem patentes pelos motivos sobejamente conhecidos e que lá chegaremos.

Foi neste jornal, puxado pela mão do saudoso amigo José Daniel Macide e com a aquiescência dos Drs. Cunha de Oliveira (diretor) e Artur Goulart (chefe de redação) que me iniciei na imprensa regional, após um período de colaboração em Angola e por jornais de clubes (Ecos do Marítimo, Angrense e Lusitânia). Na verdade, senti quando entrei no jornal o carinho de todos, inclusive de todos os funcionários, dos quais apenas resta na atividade o já referido Elvino Lourenço. Andei, posteriormente, num lá-e-cá, isto é, entre a Rua da Palha (A União) e a Rua das Minhas Terras (Diário insular), até que aceitei o cargo de coordenador desportivo, na direção e chefia de redação de dois saudosos amigos, concretamente Manuel Coelho de Sousa e José Barcelos Mendes, seguindo-se Manuel Carlos como chefe de redação, altura (1991) em que fui convidado para chefiar em São Miguel o “Jornal do Desporto” a convite de Gustavo Manuel Moura e António Lourenço de Melo.

Em A União, ainda encontrei colaboradores da velha guarda como sói dizer-se, tais como Pedro de Merelim, Rei Bori, Manuel Dias Júnior, João Afonso, Alvarino Pinheiro, entre outros. De outras gerações, colegas como Armando Mendes, Paulo Barcelos, Luciano Barcelos, Eduardo Rosa, Álamo de Oliveira, para apenas focar estes.

Foi por via da minha colaboração em A União com José Daniel Macide (No Mundo da Bola) que cheguei a correspondente de A Bola em Angra do Heroísmo e, depois, com o estatuto de correspondente nos Açores, quiçá pelo trabalho que fui desenvolvendo e fundamentalmente pela minha regular presença em termos de notícias e reportagens.

Após ter vindo para o Brasil, na sequência de passagens por Coimbra, Figueira da Foz e Faial, voltei a este jornal, por sugestão do meu particular amigo Eduardo Ferraz da Rosa ao editor João de Sousa Rocha. Uma colaboração como colunista que passou de uma a duas edições. Um trabalho que me satisfez plenamente, na exata medida em que fui recordando feitos de pessoas que já faleceram, figuras da nossa terra (e também de outras ilhas, nomeadamente do Faial) e assuntos pontuais advindos do que se escrevia nas respectivas edições diárias, o que aconteceu desde 10 de maio de 2010 e manda a verdade dizer que nunca falhei qualquer das edições que me têm sido reservadas. E isso também não acontecerá até 31 de dezembro próximo porque até lá já tenho todos os artigos escritos para este espaço de tempo.

A minha continuidade na escrita tem um objetivo principal, este: completar 50 anos de carreira em 10 de março de 2014 e via com enorme satisfação assinalar este marco histórico no jornal A União, onde me iniciei na imprensa regional. Infelizmente isso não acontecerá porque, dolorosamente, A União, uma das muitas empresas afetadas pela crise que se vive em Portugal – e não só -, deixará de ser diário para passar a semanário e segundo creio com uma diferente linha redatorial, assegurada apenas por colaboradores, segundo foi anunciado.

Portanto, nesta hora de tristeza por ver desaparecer um diário que muito deu à região dos Açores, quero aqui deixar o preito da minha gratidão a todos aqueles que ao longo dos tempos acreditaram no meu potencial. A União, Diário Insular, Jornal do Desporto, Açoriano Oriental, A Bola e Record, foram, ao cabo, pontes significativas de uma carreira prestes a atingir os 50 anos, não podendo esquecer, também, as minhas passagens pelo Rádio Clube de Angra e Rádio Horizonte Açores.

Por fim, e em relação aos últimos dois anos e pouco de colaboração na qualidade de colunista, agradecer aos diretores e editor João Rocha, a sensibilidade que manifestaram para a publicação dos meus artigos. E, se como dizem, sou um dos mais lidos via internet, creio que fiz por isso, com toda a regularidade e a devida qualidade. Amém!
Carlos Alberto Alves

Sobre o autor

Carlos Alberto Alves - Jornalista há mais de 50 anos com crónicas e reportagens na comunicação social desportiva e generalista. Redator do Portal Splish Splash e do site oficial da Confraria Cultural Brasil-Portugal. Colabora semanalmente no programa Rádio Face, da Rádio Ratel, dos Açores. Leia Mais sobre o autor...

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