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terça-feira, 13 de agosto de 2019

Da poetisa-escritora Maria Azevedo - Bicho de conta


Bicho de conta

Bicho de conta, 
que conta,
Conta um conto,
Conta... conta!
Nesta rima que desponta
Quantas contas tem o terço,
Que a avó Benta passa atenta,
Entre os dedos que tem contos,
Tantos, tantos, como as mossas
Que tem nos nós dos seus dedos.
Bicho de conta tem histórias
Lá prós lados dos Açores,
Conta-nos histórias de fadas
Junto com histórias de amores.
Bicho de conta que sabe
A sua vida enrolar,
É filho de Dona conta
Dona conta de contar.
Este bichinho de contar
Sabe de geografia,
Não é só bicho de conta,
É um bicho em quem se fia.
Em criança lá nas ilhas,
Entre todas muitas milhas,
Para os dias ver passar,
Toca-se no bicho de conta
E toca de perguntar.
Ó meu bichinho de conta,
Meu bichinho bichiel!
Diz-me lá bicho de conta,
Pra que lado é S. Miguel?
Ó meu bichinho de conta,
Não te enroles faz favor,
Diz-me lá que eu sei que sabes,
Eu sei que tu sabes tal,
Diz-me lá bicho de conta,
Pra que lado é o Faial?
E não é que este bichinho,
Que gosta de pedras e musgo,
Terra fofa, húmida quentinha,
Ao desenrolar-se e virar-se,
No seu corpo cinza prata,
Nos dá a direcção exacta.
E fica aqui esta história,
Que termina só no fim,
Deste bichinho de conta
Que não é só bicho de conta,
Mas um tatu de jardim!
E não se fiquem a rir
Com a minha lenga-lenga,
Assim toda rimadinha,
É que este bicho de conta
É também tatu-bolinha!
E com tanto conta, conta,
Neste modo de contar,
Fiquei uma mosca tonta!
Tenho que a rima acabar.
Carlos Alberto Alves

Sobre o autor

Carlos Alberto Alves - Jornalista há mais de 50 anos com crónicas e reportagens na comunicação social desportiva e generalista. Redator do Portal Splish Splash e do site oficial da Confraria Cultural Brasil-Portugal. Colabora semanalmente no programa Rádio Face, da Rádio Ratel, dos Açores. Leia Mais sobre o autor...

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