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sexta-feira, 4 de outubro de 2019

Da escritora Graziela Veiga - OUTONO DA VIDA...


OUTONO DA VIDA...

Há dias em que acordo nostálgica...
A pensar em tudo o que já vivi...
Nas pessoas que perdi...
Nos amigos que já não estão mais aqui...
Pois neste momento, sinto-lhes a falta
Entretanto, a natureza segue o seu ciclo normal
As árvores deixam cair as folhas
Aquelas que tomam um tom dourado, acastanhado, ou esverdeado e que fazem a minha delícia.
É o outono da vida, daquela que vimos jorrar na Primavera
Que nos inalou o seu perfume através das mais belas flores
Sinto pesar que a vida não seja uma constante Primavera...
Tudo seria bem mais fácil
Não haveria dor, sofrimento, pois a jovialidade faz com que nos esqueçamos que o outro lado existe, a outra fase...
Não me importaria de chegar ao outono da vida, se soubesse que iria ser vivida plenamente, sem obsctáculos que me impedissem de continuar a ser eu, com a minha vitalidade, vivacidade, destreza e resiliência emocional.
Mas as coisas não se processam assim, pelo menos, nem sempre se processam assim...
A tenacidade dá lugar ao receio, à dúvida, ao desânimo, por vezes
Tudo nos parece enorme, longe...a demora torna-se insuportável quando não estamos bem, quando queremos respostas...
A natureza que é o mote de tantos poemas belos, nesta época de Outono, por vezes, torna-se o vazio, a despedida de alguém que não mais voltará a passar o Inverno e chegar à Primavera.
Não queria viver tudo o que já vivi, pois alguns momentos foram lindos e estão guardados no cofre do coração, mas outros, nem vale a pena recordar...foram tristes, demasiado tristes...
Desejo ultrapassar o Outono...que venha o Inverno e que logo chegue a Primavera a anunciar novos dias, com sol, luz e calor.
A natureza é bela, linda no seu esplendor, mas não se compadece de nada nem de ninguém, é devastadora quando quer, pois é toda ela livre.
Neste momento, eu quero Paz, desejo estar só com os meus pensamentos, somente aqueles que me fazem bem à alma. Os maus, não os quero, já os esqueci, são demasiado perniciosos, fazem mal, envelhecem-me, desgastam-me e são vazios de conteúdo.
Que venha a Primavera, quero tanto voltar a ver os campos cheios de flores, os pássaros a entoarem os seus belos cantos e a vida a voltar ao seu resplandecente primoroso.

04-10-2019
Graziela Veiga

Carlos Alberto Alves

Sobre o autor

Carlos Alberto Alves - Jornalista há mais de 50 anos com crónicas e reportagens na comunicação social desportiva e generalista. Redator do Portal Splish Splash e do site oficial da Confraria Cultural Brasil-Portugal. Colabora semanalmente no programa Rádio Face, da Rádio Ratel, dos Açores. Leia Mais sobre o autor...

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