JORNALISMO EM DESTAQUE

485º Aniversário da Cidade de Angra do Heroísmo

segunda-feira, 16 de março de 2020

DA ESCRITORA GRAZIELA VEIGA - INCUMBÊNCIA


Que me desculpem, mas ainda não percebi o porquê de tantos agradecimentos à classe médica e ao pessoal ligado à saúde, porquanto estão a cumprir o seu dever. Se assim fosse, havia muito mais para agradecer, engrandecer, além da classe médica e profissionais de saúde. Quando estas situações surgem, corre-se sempre riscos, quer sejam os médicos, quer sejam pessoas que ficam no anonimato. Ainda temos os farmacêuticos que, neste momento, também estão exaustos, outra profissão não menos digna e de mérito. Os Psicólogos que tudo fazem para que nos mantenhamos calmos perante esta situação e outras. E como tal, penso que, nós estamos neste Mundo para cumprir uma missão, cada qual dentro da sua área. No entanto, é de louvar a todos que saibam ocupar bem o lugar que escolheram e lhes é devido, sem demagogias, pois imagino que, neste momento, há pessoas que estão exaustas, talvez à beira do colapso, e não estão ligadas à saúde. Contudo, não quero desvirtuar a classe médica, antes pelo contrário, são a grande valia neste momento, mas não são os únicos.
E a propósito, lembrei-me dos Professores que trabalham há tantos anos, sacrificam-se pelos nossos filhos, suportam o insuportável e que, eu saiba, é uma classe tão mal compreendida, e ainda por cima, tão maltratada. E por tanto que trabalham em prol das crianças, não vejo ninguém a aplaudi-los, nem tão pouco a reconhecerem o seu trabalho, tão meritório. E ainda, aquelas pessoas que se levantam todos os dias de madrugada para que tenhamos pão fresco todos os dias, bem como a alimentação necessária à nossa sobrevivência.
Os pais que andam numa correria louca, a fim de que os seus filhos fiquem bem, não lhes falte nada. Os avós que acabam a sua vida ao cuidado dos netos, muitas vezes, com dificuldades de saúde, mas vão até à exaustão, mormente as avós, pois não sabem negar a ajuda tão profícua aos seus filhos.
E ficaria aqui a nomear tanta e tanta gente que trabalha para que vivamos melhor, tenhamos o que necessitamos ao nosso dispor, desde o mais ilustre ao mais simples trabalhador. Todos são necessários e imprescindíveis.
E já agora, aproveito para dizer o seguinte. Desconfio,(apenas uma conjectura), que, aqueles que estão a aplaudir os médicos, devem ser os mesmos que já disseram horrores em relação aos estes. Eu corroboro o que dizia um médico. Eles agradecem os aplausos, mas o que lhes faz falta, neste momento tão crítico, é, maior apoio nos hospitais, visto que, há escassez de meios para que possam tratar todas as pessoas como elas merecem, com dignidade. Em falta desses meios, corremos o risco de sermos discriminados face à idade, como está a acontecer em determinados países.
Com tudo isso, quero realçar que não tenho nada contra os médicos, pois desde os meus dois anos que recorro a eles, até hoje. No entanto, pelo simples facto de ser médico, não faz dele um herói. Há heróis em todas as classes sociais, mas infelizmente, caem no anonimato, pois não são do interesse público ou não são lucrativos.
Sejamos sensatos! Demos valor, sim, mas sem exageros. Os médicos estão a desempenhar a sua actividade, tal como nós, cada qual no seu posto.

16-03-2020
Graziela Veiga
Carlos Alberto Alves

Sobre o autor

Carlos Alberto Alves - Jornalista há mais de 50 anos com crónicas e reportagens na comunicação social desportiva e generalista. Redator do Portal Splish Splash e do site oficial da Confraria Cultural Brasil-Portugal. Colabora semanalmente no programa Rádio Face, da Rádio Ratel, dos Açores. Leia Mais sobre o autor...

Sem comentários:

Enviar um comentário