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quinta-feira, 2 de abril de 2020

TESTE À PACIÊNCIA - Artigo da escritora Graziela Veiga


TESTE À PACIÊNCIA

Os outros é que nos fazem a vida num inferno, se pensarmos que a convivência é uma das tarefas mais difíceis a enfrentar, para a qual não estamos preparados e falta-nos a paciência.

De facto, ao convivermos com pessoas tóxicas, sabemos o quanto elas tornam os nossos dias nublados. As conversas acabam por trazer, na maioria dos casos, alguma provocação e desconforto.

É certo e sabido que tais comportamentos existem. O que importa é o que fazer e a forma como devemos enfrentar essas pessoas, que aos poucos nos vão sucumbindo com as suas atitudes.

É necessário que mantenhamos a cabeça e a mente abertas, ou seja, em vez de pensarmos somente na forma como o outro age, analisemos a nós próprios, e vejamos qual o impacto que o nosso comportamento tem sobre o outro, por vezes, negativo, sem que nos apercebamos.

Antes de termos determinadas conversas, é importante que nos preparemos, isto é, que façamos alguns exercícios mentais, tais como tomar a consciência de que pode levar a conversa para outro caminho, que não o da discussão, ou do desentendimento. Portanto, partir com pensamento positivo, ajuda imenso.

Assim, aprendemos a dominar as nossas emoções, trata-se de um exercício que tem em vista aperfeiçoar o nosso auto-controle.

Por vezes, as pessoas que se dão bem com todos, nem sempre são as mais fáceis para nós. Nestes casos, a tendência é meter a culpa para nós, apontando-nos o dedo, dizendo que todos se dão bem com eles, menos nós. Importa salientar, que esta culpa não altera os factos.

A mesma conversa, as mesmas chamadas de atenção feitas por pessoas de quem não gostamos, ganham outra dimensão, e têm quase sempre uma receptividade negativa, visto não simpatizarmos com aquela pessoa, então tudo nos parece mal. É normal, somos menos tolerantes com as pessoas de quem não gostamos tanto. Nesses casos, devemos imaginar essa situação perante uma pessoa de quem gostamos muito, logo o nosso pensamento ganha uma espécie de elástico, e até conseguimos ser mais pacientes.

Desabafar com um amigo, é outro processo que nos acalma. Mas tenhamos cuidado com quem desabafamos. Primeiro, porque tem que ser uma pessoa de muita confiança, depois, porque nem sempre o desabafo é correcto e corremos o risco de estar a tratar mal a pessoa errada. E depois, o amigo, nem sempre está disposto a ouvir as nossas acusações que, no fundo, nem são dirigidas a ele, mas que naquele momento causaram impacto negativo, talvez ele não estivesse preparado e foi apanhado desprevenido. Talvez não nos conhecesse o suficiente para saber que nós somos isto e mais aquilo, o famoso "explodir".

Porquanto, cada dia cultivemos a paciência de forma a que contribuamos para o nosso bem estar e simultaneamente o bem estar dos outros. A paciência vai-se adquirindo ao longo da vida, sempre que nos deparamos com algo desconhecido, se eliminarmos as demandas informais e os ruídos na comunicação, conseguimos melhorar tudo à nossa volta e passamos a ter relacionamentos mais saudáveis, daqueles que ainda valem a pena. E nunca como agora, a nossa paciência está sendo posta à prova.

Ainda outro dia, comentava com uma pessoa, em relação a este tempo que 
vivemos, aqueles que, além do isolamento obrigatório, ainda se vêem obrigados a sofrer vícios, violência doméstica e sabe-se lá mais o quê, toda a espécie de maus tratos. Penso que, para esses, a quarentena é infindável...
Haja saúde! Haja paciência!

02-04.2020
Graziela Veiga

Carlos Alberto Alves

Sobre o autor

Carlos Alberto Alves - Jornalista há mais de 50 anos com crónicas e reportagens na comunicação social desportiva e generalista. Redator do Portal Splish Splash e do site oficial da Confraria Cultural Brasil-Portugal. Colabora semanalmente no programa Rádio Face, da Rádio Ratel, dos Açores. Leia Mais sobre o autor...

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