O OUTONO DA VIDA
E assim, a passos largos, caminhamos para a chegada do Outono. Sempre tive um certo "fraquinho" por esta estação do ano. Talvez por ser o mês do meu aniversário, mas também pelo ambiente de tons dourados com que esta estação nos premeia. Não que eu queira desmerecer as outras estações, mas na minha opinião pessoal, o Outono é essencial. E quando chega a estação do Outono, é hora de nos renovarmos.
É tempo de nos libertarmos de amores não correspondidos. amizades e sentimentos que não são recíprocos. Libertemo-nos da dor, do medo, deixemos que o vento leve para bem longe as nossas folhas secas. Permitamos que ele destrua o que não nos acrescenta de bem, o que não é verdadeiro.
Tenhamos em atenção o que realmente enobrece a alma, ou seja, aquelas pessoas que vão permanecer na nossa vida, de livre vontade.
Amadureçamos como os frutos outonais, mas que esse amadurecimento não se torne austero demais. Guardemos sempre connosco aquele sorriso desajeitado, a fim de que possa ser usado a qualquer hora. Admiremos as coisas simples, sem deixar que a nossa vivacidade e juventude desfaleçam com o passar dos anos. Amadureçamos apenas a ponto de podermos ser colhidos com cuidado pela vida. Valorizemo-nos sempre mais. Não menosprezemos os nossos valores, os nossos talentos e toda a capacidade que temos mantido debaixo das nossas inseguranças.
É sempre bom desprendermo-nos de algumas coisas, isso torna-nos mais leves. E quando nos tornamos mais leves, podemos ir sempre mais longe.
E não desesperemos com tantas folhas amareladas da nossa própria história espalhadas pelo chão. Na vida nem tudo são flores, mas tudo são cores, mesmo que não seja a nossa cor preferida.
Novas estações virão, é hora de nos reerguermos, recomeçarmos e esperarmos, pois, o melhor ainda está por vir. É no outono da vida que nos lembramos que já fomos a primavera e o verão e que o inverno se aproxima.
Das possíveis comparações, já passamos pelas cores alegres e fortes, já deixamos as temperaturas amenas, já erramos e tivemos as nossas oportunidades de aprender para acertar.
Agora partimos para um certo recolhimento, as feições tornam-se mais sérias, mesmo que não queiramos e tentemos disfarçá-las.
Cada estação tem as suas belezas, mas é importante que nós estejamos vestidos de acordo e permaneçamos sempre preparados para uma retirada rápida e estratégica.
Quando o jovem erra, nós perdoamos e dizemos que foi um engano. Quando um velho erra, nós dizemos que repetir os erros é burrice.
E, a qualquer tempo, para um coração gelado, poderá aparecer um agasalho antigo, no recôndito da memória.
06.09.2020
Graziela Veiga
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