Regresso ao passado
Uma viagem ouvindo John Lennon
Uma vez que ainda se fala (e muito ainda se falará entre gerações vindouras) dos 53 anos de carreira dos Beatles, entendi trazer à estampa este artigo relacionado com uma viagem que efetuei à Alemanha, ao serviço do jornal Diário Insular.
Quem me conhece, sobretudo aqueles que me têm acompanhado neste meu trajeto jornalístico – e não só -, sabe que pauto a minha postura pela pontualidade. Não gosto de fazer ninguém esperar, prefiro o inverso, ou seja, ser eu a esperar por alguém em algum encontro aprazado com antecedência. E nesta área do jornalismo já aconteceram muitos casos semelhantes, entendidos no género de “quem precisa espera”. Devia ser cinquenta-cinquenta, todos precisamos uns dos outros nesta coisa de comunicar e consequentemente divulgar. Muitos entendem que só a mídia precisa das suas notícias, das suas entrevistas e por aí fora. Na minha ótica (e creio que não estou errado), não é bem assim.
Quando viajava regularmente entre ilhas, Açores-Lisboa-Açores e estrangeiro, nomeadamente para os Estados Unidos e Canadá, as mais frequentes, sempre cheguei aos respectivos aeroportos nos horários estipulados pelas companhias então utilizadas. Porém, numa viagem para a Alemanha, a primeira a convite do meu querido amigo Carlos Borba para acompanhar o Festand na cidade de Immenstad (sul da Baviera, a três horas de distância de Munique), tive como companheiro esse extraordinário atleta de nome Paulo Massinga (por onde anda ele?) que também foi participar no dito Festand (evento internacional dedicado à modalidade de atletismo). Para me apanhar no hotel via aeroporto internacional de Lisboa, o Massinga já chegou um pouco atrasado contra a minha vontade, mas sempre deu para nos mantermos no horário para efetuarmos o check-in, apesar da fila ser enorme, visto que o avião com destino a Munique estava lotado. Mas aqui o “pior” estava para acontecer. Já com a chamada para o embarque, o Paulo Massinga decidiu-se por ir para o telefone falar com a namorada e eu à espera que ele se despedisse da noiva para nos dirigirmos para a sala de embarque. Continuou o taran-tantan-tantan (amoroso, claro) e, a dado momento, uma chamada de urgência pela sonora do aeroporto: “passageiros senhores Carlos Silva e Paulo Massinga, façam o favor de comparecer na sala de embarque”. Aí é que fui aos arames, como sói dizer-se na gíria popular. Blasfemei entre dentes e acabei mesmo por ir puxar por um braço do Massinga para seguirmos até à porta 14, salvo erro. Aí outra surpresa: um autocarro vazio à nossa espera, o que significa que o avião atrasou uns minutos por culpa dos dois passageiros que estavam em falta na lista de embarque. Quando entrei na aeronave reparei, desde logo, no descontentamento dos passageiros e por esse facto andei rápido para o meu lugar, peguei nos auscultadores e, por sorte minha, John Lennon cantava Imagine, uma das minhas músicas preferidas. Deu mesmo para relaxar e não ouvir os comentários das outras pessoas próximas. Quantos nomes feios nos foram dirigidos? Acredito que muitos. Em alemão passava ao lado, mas as dos portugueses... Imagine-se... Eu imaginei a ouvir John Lennon a cantar Imagine.
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