ISIDORO BELO (USA) – O “ESTAFETA” DO RÁDIO CLUBE DE ANGRA
Da família, que bem conheci hoje a amizade mais de perto é com o Valdemar Belo (filho). Antes era o pai Valdemar que me cortava o cabelo com oficina na Rua de Santo Espírito, em conjunto com um tal argentino que era mais chato do que a potassa.
A família do Isidoro morava na tão conhecida Rua dos Canos Verdes. Eu ao lado (se assim se poderá dizer) na Rua de Oliveira. Todo o dia me cruzava com o Isidoro de manhã ou à tarde, tudo isto quando ele partia ou saia do seu emprego, o Rádio Clube de Angra. Para nós, que por lá andávamos como colaborador ou até editor desportivo, o Isidoro era o “estafeta” do RCA. Quantas vezes o vimos descer a Rua da Sé para tratar de assuntos do nosso RCA? Foram muitas. E muitas foram as vezes que também o vimos passar a mão no cabelo, para “alisar” aquela franja que ele tanto gostava. Penso que, durante o tempo em que serviu o RCA, Isidoro Belo foi sempre um funcionário cumpridor e admirado por todos. Simples, humilde e, sobretudo, respeitador. Grandes atributos que o Isidoro transportou para a sua mudança de vida, ou seja, para o seu estatuto de emigrante. E aqui os dois irmãos se dividiram. O Isidoro para os Estados Unidos e o Quinito para o Canadá. Creio que cheguei a ser treinador do Quinito. Do Isidoro, que jogou no Marítimo, isso não aconteceu.
Para finalizar, deixo aqui registado o artigo (matéria para os brasileiros) que escrevi em relação ao seu pai Isidro Belo, que foi um “stopper” de muita categoria. Elegante a jogar e com excelente colocação em campo.
ISIDRO BELO UM "BACK" DO OUTRO TEMPO
Publicado no dia 16 de Maio de 2012, por Carlos Alberto Alves
Futebol de outros tempos, na ilha Terceira, era praticamente marcado pela hegemonia do Lusitânia, interrompida uma vez por outra pelo rival Angrense. E numa dessas vezes o emblema da águia logrou o maior feito do futebol açoriano ao ter afastado o poderoso Marítimo da Madeira na famigerada eliminatória Açores-Madeira, mais tarde abolida para gáudio de todos aqueles que sempre defenderam a verdade desportiva, isto é, Açores e Madeira seguindo os seus respectivos trajetos sem se confrontarem na dita eliminatória. Claro que o Angrense para lá chegar teve que, primeiramente, chegar ao ceptro de campeão da Terceira e dos Açores.
As equipas da Praia nesse tempo sempre davam um ar da sua graça, mas os campeonatos acabariam por ficar sempre em Angra. Volvidos alguns anos é que o Praiense quebrou essa supremacia, através de uma equipa onde pontificavam jogadores de excelente craveira.
Mesmo assim, com o Lusitânia e o Angrense, rivais de sempre e competidores diretos, açambarcando títulos (mais o Lusitânia que chegou a 11 consecutivos), os jogos com as equipas da Praia não deixavam de ser renhidos, sobretudo nos disputados no reduto dos praienses, o velho Municipal da Praia. No Sport Praiense, tivemos um “back” antigo que era praticamente meu vizinho, creio que depois de arrumar as botas. Trata-se do Isidro Belo, ainda parente do avô do Valdemar Belo, que nada quis com o futebol (os filhos sim), optando pelo basquetebol onde se notabilizou. O avô do Valdemar, como se sabe, tinha uma oficina de barbeiro na descida do Alto das Covas.
O Isidro Belo, que fixou residência na Rua dos Canos Verdes e depois emigrou, impunha-se pelo seu notável porte atlético. Creio que ainda fez parte de um “onze” que englobava o Baunilha, vulgarmente conhecido pelo “argentino” e que mais tarde veio representar o Lusitânia.
Os filhos do Isidro Belo, o Isidoro e o Vítor, também emigrados e que hoje são nossos companheiros no facebook, também se entusiasmaram pela prática do futebol, representando, respectivamente, o Marítimo e o Angrense. E, curiosamente, há dias vimos uma foto do Isidro Belo tirada durante o casamento do Nandinho, filho do Gualter “russo”, e já agora cunhado do Paulo Henrique Bettencourt da Realsom. O Isidro era vizinho do Gualter e velhos amigos. Fica-me a dúvida se havia algum parentesco entre ambos. E por ali também morava o Francisco da Fonseca, o Pira como era conhecido e que ainda tive o privilégio de encontrá-lo na minha primeira deslocação aos Estados Unidos que remonta ao ano de 1977. Também ao lado o Carlos Cassis. E para que fique completo, a família do senhor Jacinto, pai do Orlando, Jorge, João Gabriel (RIP) e Paulo Marcelino. E porque a Rua dos Canos Verdes era célebre pelos futebolistas que lá residiam, lá ao fundo a família do António Rosa (António “da amiga”), pai do Carlos António (RIP), António (RIP) e Ricardo Osvaldo, estes os futebolistas, atendendo a que ainda havia um casal de filhos. E para voltarmos um pouco para a esquerda da Rua dos Canos Verdes, claro que recuando no tempo, ainda temos o Mendonça (madeirense que veio para o Lusitânia e depois se transferiu para o Marítimo), o faialense Vitor Azevedo que foi guarda-redes, Paulo Dias, Eduardo Nunes, Eurico (também emigrado), Jorge Ávila “Yaúca” (dançarino de se lhe tirar o chapéu e hoje fotógrafo do Portuguese Tribune, jornal do irmão Zezé Ávila) e mais para o fim dessa mesma esquerda o Aristides, mas este despontou mais tarde. E já agora, na esquina com a Rua da Oliveira, o José Nicolau Garcia, o “Chico Cavilha”. Não podia ser esquecido.
E foi pelo fato de recordar o Isidro Belo que completamos um pouco o ciclo dos futebolistas que residiam na Rua dos Canos Verdes. Como eu sempre dizia os meus ilustres vizinhos.
PS – Já depois de ter deixado de jogar futebol, o Fernando Valentim (RIP) passou da Rua de Jesus para a Rua dos Canos Verdes. Contudo, uma descendência futebolística, o filho João Paulo, que passou por alguns clubes da ilha, tendo se iniciado no Lusitânia.
Sem comentários:
Enviar um comentário