Lembro-me de um médico meu amigo que, há muitos anos atrás, quando escutávamos música dos Beatles, lançava este (desagradável) comentário: “deitem essa música aos porcos”. Claro que o dito médico, figura grada lá do burgo, adorava música clássica o que eu, naquela altura, também não curtia. Hoje sim, quando tenho oportunidade, fico um pouco preso aos famosos desse tempo áureo, nomeadamente Beethoven, Tchaikovsky, Chubert, Mozart, Chopin, etc., etc.
Hoje, com as mutações do próprio tempo, já existem vários tipos de música, muito “sui-géneris” da actual juventude. Eu, por exemplo, não suporto a Funk, respeitando, no entanto, essa moçada que, no momento, não quer outra coisa. Como disse, tudo tem o seu tempo próprio, mas há músicas antigas que, nos tempos hodiernos, não são esquecidas e, quando passadas nas rádios, fazem recordar a muito boa gente os bons-velhos-tempos.
Sempre adorei música orquestrada. Quando ainda rapazote (entenda-se por adolescente), delirava com as marchas militares do John P. Souza, muito utilizadas em eventos desportivos. Com o decorrer dos anos, surgiram as grandes orquestras, entre outras, Frank Porcell, Paul Mauriat, Glenn Miller, Ray Coniff, James Last. E é exatamente de James Last que quero falar. Um simpático alemão que, em pleno palco, é um autêntico “show” pela forma em como dirige a sua orquestra, composta por mais de cem músicos. Mas, o mais interessante de tudo isto, é o facto de James Last ter feito da sua orquestra uma grande família, convivendo regularmente com os seus músicos e respectivos familiares. Um grande exemplo de humildade e de amizade para com o seu grupo. É por isso que digo, às vezes, que James Last serve de paradigma a outros alemães, por se tratar de uma pessoa de grande abertura, o que não é muito frequente no povo da Alemanha, de acordo com o que constatei “in-loco” nas três vezes que me desloquei àquele país em serviço de reportagem.
De James Last a mágoa de não ter, no ano de 2000, assistido a um dos seus espetáculos nos Estados Unidos. Quando cheguei, para fazer a cobertura da célebre Maratona de NY, não havia bilhetes. Nem pensar, esgotou-se rapidamente. Ainda perguntei pelos “cambistas”, mas, com um sorriso (de quem pensou que eu talvez fosse ignorante), foi-me respondido: “aqui é coisa que não existe”. Acreditei sem vacilo, até porque conheço muito bem como age a polícia americana. Um exemplo para Portugal e Brasil, nomeadamente. Tal como no Brasil, também em Portugal existem muitos “cambistas”. E que “cambistas”...
Já que o tema hoje escolhido foi de música, não posso aqui esquecer, de forma alguma, Shegundo Galarza, já falecido. A orquestra deste espanhol que veio residir para Portugal também maravilhava. De cabelos grisalhos, tal como Last, Shegundo Galarza evidenciava-se pelo seu talento e chegou, inclusive, a dirigir orquestra no Festival da Eurovisão, obviamente em relação ao representante de Portugal. Temos sempre um representante, mas a nossa classificação final deixa sempre muito a desejar, excepto num caso ou outro, como foi, por exemplo, a participação de Simone de Oliveira com a conhecida “Desfolhada”. Quando a Simone era muito mais nova e linda por excelência.
Ainda de orquestras, hoje Portugal tem a Orquestra Ligeira de Cabanas, Palmela (Distrito de Setúbal), formada há sete anos (por aí...) e que participa activamente no espectáculo “Portugal Sempre”.
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