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quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

Do jornal A União



RAFAEL, TAVARES E ROBERTO ZIXAXA
O BII 17 teve, durante alguns anos, nos seus quadros, dois primeiros cabos que se transformaram em figuras carismáticas, pela sua maneira de ser, embora de parâmetros diferentes. Os cabos Rafael e Tavares foram, na verdade, exemplos de que seguir a vida militar era uma “profissão” como outra qualquer.

Do Tavares, o meu contato pessoal foi mais com a esposa, filhos, genro, nora e netos. Dos genros, o Tio António Bolha, que durante muitos anos foi guarda do Campo de Jogos de Angra. Dos filhos, o meu relacionamento mais direto com o Carlos Tavares, o Petrónio (falecido no Canadá), a Vampa (mulher do Tio António), Maria Eunice (mãe do Emanuel que se encontra nos Estados Unidos) e a Lili (emigrada para o Canadá). Mas era interessante quando se deparava com essas duas figuras (Rafael e Tavares) subindo a ladeira de acesso ao quartel.
Com o Rafael passaram-se cenas interessantes na Recreio dos Artistas, nomeadamente nos jogos de sueca em que ele participava. Não gostava nada de perder uma partida. E o que mais nos divertia, quem estava por fora, era a parada entre ele e o Álvaro Carepa que irritava o Rafael quando lhe dizia “está na hora de ires para a caminha”. De um lado o Carepa, brincalhão, a entrar forte com o Rafael e do outro, calmo, sereno, como era seu timbre, o senhor João Vieira Valentim que, no entanto, não deixava de esboçar um sorriso quando o Rafael, por via das “provocações” do Carepa, ia aos arames, com sói dizer-se na gíria popular.  Ao cabo, os bons-velhos-tempos da Recreio dos Artistas, com a sociedade a ser bastante frequentada pelos seus associados.
E para continuar a falar um pouco daquela zona onde diariamente passavam o Rafael e o Tavares, a figura do Roberto Zixaxa neto do célebre Gungunhana que foi aprisionado por Mouzinho de Albuquerque em Chaimite. O Roberto veio para a Terceira, assentou arraiais, morando numa humilde casa ao lado do chamado “tanque do azeite”. Chegou a jogar no Lusitânia e o seu filho, também de nome Roberto, seguiu as suas pegadas lusitanistas e depois rumou para o Marítimo. Foi (Roberto filho) um moço que se adaptou bem ao quotidiano da ilha, relacionando-se de forma muito agradável, daí ter granjeado muitas amizades, para mais que, se a memória não me atraiçoa, fez parte de um conjunto musical.
Para o Rafael, que lá está no “outro lado da vida”, envio-lhe esta mensagem: “está na hora de ires dormir porque já nem vês a cor das cartas”. Lembro-me que uma vez o trunfo era espadas e ele quis matar uma vaza adversária com uma carta de paus. Daí que, de novo, o Carepa voltou à carga: “está na hora de ires para a caminha”.
A DEVIDO TEMPO – Também recordar aqui o cabo Gilberto, que tinha uma irmã que morava na Rua do Cardoso, Corpo Santo. Ele que tinha cabelo branco e bigode amarelo, porque fumava muito. Uma coisa é certa e por demais conhecida: tomava cada “mona” que era mesmo de arrepiar. Mas também manda a verdade dizer que não fazia mal a ninguém.
Carlos Alberto Alves

Sobre o autor

Carlos Alberto Alves - Jornalista há mais de 50 anos com crónicas e reportagens na comunicação social desportiva e generalista. Redator do Portal Splish Splash e do site oficial da Confraria Cultural Brasil-Portugal. Colabora semanalmente no programa Rádio Face, da Rádio Ratel, dos Açores. Leia Mais sobre o autor...

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