O enredo do sucesso
Terceirense que se preze gosta de toiros e de Carnaval. Pondo de
lado as toiradas até ao início do mês de Maio, este feitiço pelas festas do
Entrudo tem, por cá, uma explicação simples – danças e bailinhos de Carnaval.
Durante quatro dias, o fenómeno absorve, por completo, a vivência da ilha.
Durante quatro dias, o fenómeno absorve, por completo, a vivência da ilha.
Entre participantes e público, que discute o lugar mais privilegiado em todos os salões, a manifestação de teatro popular envolve seguramente quase dois terços da população da ilha Terceira.
A adesão é tão evidente que quase não precisa de interpretação para justificar o sucesso. Mesmo assim, pode-se falar da sadia rivalidade inter-freguesias tendo em conta a apresentação do melhor enredo.
Neste contexto, podemos ainda referir o efeito de proximidade afetiva entre atores e a plateia – haverá sempre espaço para, pelo menos, um familiar ou amigo mais chegado no elenco dos artistas.
Mas, no fundo, isso não passa de conversa fiada. O que encanta deveras é presenciar a metamorfose que resulta da apresentação dum cidadão comum (tanto pode ser padeiro ou advogado) num palco que não é o da vida quotidiana.
São dias e noites loucas em que ser bailarino/figurante/tocador é um motivo de enorme orgulho. Para se perceber, não é a ler. É na Sociedade e na Casa do Povo que há vibração a sério, traduzida em sonoras gargalhadas (no caso das comédias) e sentidas lágrimas (se for uma dança de espada).
Sabem porquê? É aquele o falar do nosso povo. Há sempre assuntos para enredar e, sobretudo para a classe política, não se recomenda ouvidos demasiado sensíveis...
joaorochagenio@hotmail.com
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