Lusitânia e o hábito de vencer
Jorge Teixeira, antigo guarda-redes de futebol, contou-me a
seguinte história sobre o ano de estreia no Lusitânia: “Fomos campeões e pensei
que ia ser uma festa rija no balneário. Para meu espanto, estavam todos
sossegados. Um dos jogadores mais antigos explicou que naquele clube o hábito
era vencer”.
A época temporal situa-se nos meados da década de setenta do século findo. Passados poucos anos, enquanto muito jovem adepto, testemunhei no peão do velhinho Campo de Jogos Municipal de Angra do Heroísmo (ao sol, à chuva, ao vento e ao frio) a cultura de vitória lusitanista.
A época temporal situa-se nos meados da década de setenta do século findo. Passados poucos anos, enquanto muito jovem adepto, testemunhei no peão do velhinho Campo de Jogos Municipal de Angra do Heroísmo (ao sol, à chuva, ao vento e ao frio) a cultura de vitória lusitanista.
Guardo o nome de quase todos os jogadores no espólio das doces memórias. O próprio Jorge Teixeira, Couto, Teves, David, Paulo Marcelino, Carlos Alberto, Aristides, Serafim I, Serafim II, João Amaro, Adelino, Arlindo, o malogrado Martins.
Vibrei com a subida do Lusitânia aos nacionais de futebol (de onde nunca mais saiu) e, mesmo num universo mais competitivo, ganhar continuou a ser a palavra de ordem.
Por conta dos problemas financeiros, os últimos tempos foram de dificuldades extremadas para a coletividade quase a completar 90 anos de existência.
Falência, penhoras e credores passaram a ensombrar o dia a dia do “mais campeão dos campeões açorianos”.
Sejamos realistas. Nesta época desportiva, ao nível do plantel sénior, parecia que havia tudo para correr mal ao Lusitânia.
Plantel feito à última hora e, enquanto se comentava sobre a possibilidade do clube fechar a porta, lá surgiu novo título anunciado na Série Açores.
Todos estão de parabéns. Treinadores, jogadores, colaboradores e dirigentes que colocam o seu amor clubístico, muitas vezes, no topo das prioridades.
Num oceano de complicações e interrogações, surgiu um Lusitânia em versão coragem. Como registo habitual, acabou por se ouvir um brado triunfante de grandeza e magia.
Este clube é mais do que património da região. É património dos açorianos. As verdadeiras paixões nunca são impostas. Apenas se sentem e são vividas plenamente.
Crónica publicada no jornal A União (6/4/2012)
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