As escolhas partidárias
O perfil, o discurso ou o sorriso? Quais destas três características podem render mais votos? Ninguém sabe ao certo, mas qualquer uma delas terá o seu peso na escolha de candidatos pelos partidos na ânsia de obter bons resultados eleitorais.
O processo de escolha dos candidatos políticos deve ser algo de extremamente elaborado, percetível só a meia dúzia de iluminados.
A porta de entrada dos partidos há muito que deixou de privilegiar jotinhas mestres na colagem de cartazes.
Um dos slogans partidários mais em voga consiste em atrair o interesse e participação de membros da sociedade civil (seja lá o que isso for (1)).
Quem se destaca em determinada área (nem que seja por fazer muito barulho) geralmente é convidado para entrar no fascinante mundo das lides partidárias.
Os aparelhistas barafustam, por vezes, com as benesses concedidas a gente que gosta de manter aparência de independente, mas, quando chega a altura de avançar com nomes para cada ato eleitoral, todos vão à luta por um lugarzinho ao sol.
As listas, sempre dentro dos prazos estipulados por lei, são dadas a conhecer publicamente e o mistério dos critérios de escolha dos candidatos é desvendado por um argumento que até era capaz de convencer um morto que ainda não chegou a cadáver: “as bases do partido é que decidiram”.
O cidadão comum (seja lá o que isso for (2)) fica, deste modo, convencido de que os seus eleitos passam por um aturado processo de triagem antes da conquista do direito de serem submetidos a sufrágio.
Por exemplo, um candidato à câmara não deve ser calvo e evitar usar óculos de sol e meias brancas? Se for uma senhora, em nome da paridade de género, o mais aconselhável é ter os olhos giros de Catarina Martins ou ostentar um ar intelectual estilo qualquer namorada (com idade para ser neta) de Jorge Nuno Pinto da Costa?
Para posar na necessária foto do cartaz, é imperativo recorrer aos serviços de especialistas em comportamento ou basta telefonar à prima que já concorreu a Miss nas festas de freguesia?
Cabe ao cabeça-de-lista escolher livremente as pessoas que o(a) acompanha ou será conveniente deixar a tarefa para outra cabecinha pensadora?
Os candidatos terão forçosamente de saber contar anedotas ou apenas basta movimentar a boca tendo em atenção a conjugação mosca/asneira?
Enfim, são questões basilares ao normal funcionamento da democracia que merecem uma aprofundada reflexão por parte de toda a massa crítica que se dedica aos meandros políticos sempre na perspetiva de um desenvolvimento harmónico e num quadro motivacional conducente ao bem estar e ampliação da população – seja lá o que isso for (3).
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