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485º Aniversário da Cidade de Angra do Heroísmo

domingo, 14 de maio de 2017

Do jornal A União



UMA FOTO DO BARBARENSE NA ORIGEM DE UMA INSATISFAÇÃO




Quando em 1991 fui para São Miguel chefiar a redação do Jornal do Desporto e a informação diária do Açoriano Oriental, desde logo mantive o desejo de um alargamento à maioria do todo açoriano, fato
que, aliás, recebeu a concordância de Gustavo Moura e de António Lourenço de Melo. Até aí tudo bem, foi o mesmo que dizer “fogo à peça” e lá fomos caminhando de acordo com o que fora combinado previamente. Comigo levei algumas fotos de equipas da Terceira e outras individuais. Numa edição diária do AO publiquei uma foto do Barbarense que na altura disputava o campeonato de seniores sob a égide da Associação de Futebol de Angra do Heroísmo. Num dos dias seguintes à publicação da dita foto, encontro na Rua Machado dos Santos um carismático dirigente, presidente de um clube de grande expressão no âmbito açoriano e nacional, que me interpelou para revelar a sua opinião no que concerne à publicação da foto em questão. Assim no género “uma foto do Barbarense”, mas dito com um visível desdém, quiçá por ser de um clube de uma freguesia e... logo da ilha Terceira. Respeitei a opinião, mas longe de concordar porque as diretrizes sempre foram colocadas interiormente e nunca vindas de fora, fosse de quem fosse.
Costumo dizer (e já escrevi um artigo sobre isso) que a língua é o “chicote da vida”. Quando assumi a coordenação do desporto do Diário Insular, ainda às terças-feiras (depois é que se entrou no processo do jornal da segunda-feira), o referido presidente veio à Terceira participar numa reunião e convidei-o para uma entrevista, tendo aceitado sem a menor relutância, adiantando (sic) “que não esperava ser entrevistado por um jornal da ilha Terceira”. É que, no Diário Insular, também com o agrément do Dr. José Lourenço, seguimos a mesma linha, isto é, uma informação do “todo açoriano” (à exceção do Corvo, claro), mantendo inclusive uma permuta de informação e crónicas com o Açoriano Oriental. É que nesse sentido sempre fui considerado um homem da casa e, por outro lado, as boas relações existentes entre os dois diretores, respectivamente, José Lourenço e Gustavo Manuel Moura. Isto significa que nunca se pretendeu, de um lado e do outro, entrar na velha rivalidade entre terceirenses e micaelenses.
Hoje vejo com enorme satisfação a presença de micaelenses nas Sanjoaninas e, também, jornalistas micaelenses colaborando nos jornais da Terceira, maior incidência no Diário Insular, no qual colabora o ex-diretor do Açoriano Oriental, pessoa por quem tenho enorme consideração e estima. Isto vem demonstrar, à luz de todas as realidades, que se verificou uma enorme transformação de mentalidades entre terceirenses e micaelenses. Para corroborar ainda mais esta minha alusão, o fato do terceirense, jornalista-escritor, Joel Neto, ter sido recebido em São Miguel, no lançamento de mais um dos seus livros, de braços abertos e contou, para o efeito, na cerimónia da respectiva sessão, com a presença de muita gente ligada à cultura açoriana, nomeadamente de São Miguel.

O que lá vai, lá vai. Esta transfiguração de relações só veio beneficiar os Açores e os açorianos.
Carlos Alberto Alves

Sobre o autor

Carlos Alberto Alves - Jornalista há mais de 50 anos com crónicas e reportagens na comunicação social desportiva e generalista. Redator do Portal Splish Splash e do site oficial da Confraria Cultural Brasil-Portugal. Colabora semanalmente no programa Rádio Face, da Rádio Ratel, dos Açores. Leia Mais sobre o autor...

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