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sábado, 11 de novembro de 2017

Flashes de um livro que não foi publicado

O Pericão nunca me perdoou 

O alferes Pericão, um grandalhão, com mais de dois metros de altura,  jogava basquetebol e eu era árbitro dessa modalidade, como também era de futebol, mas aqui federado pela Provincial de Angola.
De basquetebol,
só dirigia jogos militares. Num desses jogos, disputado na Bela Vista (perto
de Nova Lisboa), o Pericão ultrapassou os limites, discutindo por tudo e por
nada. Interrompi o jogo a dada altura, chamei-o, e, de imediato, obriguei a falar
comigo em sentido. Se não o fizesse seria excluído do jogo. Lá acatou, mas de dentes cerrados, ele que era um pouco temperamental. “Senhor Pericão, aqui você é jogador e eu árbitro. Os galões não fazem parte do jogo, portanto, mando eu, decido eu”. Para muitos militares ali presentes no recinto, foi o delírio, para mais que o comandante do batalhão, tenente-coronel Joaquim Esteves Correia, assistia ao jogo.

No dia seguinte, fui chamado ao gabinete do comandante Esteves Correia. Inferi que essa chamada estaria ligada ao acontecimento do dia anterior. E assim sucedeu. Esteves Correia gostou da minha atitude. Soube, mais tarde, que o Esteves Correia alertou o Pericão no sentido de ele não misturar a tropa com o jogo.

Apesar de tudo, do seu feitio autoritário, Pericão, no dia em que o Batalhão de Caçadores 471 regressou à Metrópole (entenda-se por Portugal continental), teve a hombridade de me pedir desculpa. Até ali, nunca perdoou o fato de eu, publicamente, perante o comandante, colegas e subalternos, o ter humilhado, ele que sempre se julgou uma pessoa intocável. Nessa noite do jogo em questão, aprendeu a lição.
Carlos Alberto Alves

Sobre o autor

Carlos Alberto Alves - Jornalista há mais de 50 anos com crónicas e reportagens na comunicação social desportiva e generalista. Redator do Portal Splish Splash e do site oficial da Confraria Cultural Brasil-Portugal. Colabora semanalmente no programa Rádio Face, da Rádio Ratel, dos Açores. Leia Mais sobre o autor...

1 comentário:

  1. Hoje mesmo pensei que poderia encontrar com ajuda da internet, algum dos amigos com quem fiz a guerra em Angola. Comecei pelo Alferes Nascimento e nada encontrei, então introduzi Alferes Pericão, e o meu espanto quando deparei com esta pequena " estória " que se terá passado com o oficial Pericão num jogo de basquet e que faria parte do Batalhão 471, do qual também fiz parte,sendo eu Cabo rádio-montador, inicialmente no Úcua e depois na Bela Vista próxima de Nova Lisboa. Eu gostava muito de saber como poder contatar de novo com o Alferes Pericão.

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