Quando, regularmente, acompanhava o
Lusitânia, passava parte das noites na Cova da Onça, na Avenida da Liberdade.
Comecei a ir ali por indicação do antigo capitão do Benfica e antigo
selecionador nacional, Humberto Coelho, e ainda Alberto Coronel, homem ligado à
La Coste e que acabou, tal como eu, por rumar para o Brasil.
Numa bela noite, depois de um jogo,
claro está, fomos todos à Cova da Onça. Ninguém pagou a entrada porque eu, como
todos lá diziam, já
fazia parte da família da Cova da Onça. O Paulo Massinga
atrasou-se e quando chegou à porta, o porteiro, o António, não lhe deixou
entrar. Viu aquele matelão, meio de cor, e entendeu que ele seria, na Cova,
“personna non grata”. Não sei, ao certo, se foi esse o pensamento do António.
Fui chamado e quando cheguei perto do Massinga, disse ao António que ele estava
na presença de um dos meus guarda-costas. O António, ato contínuo, saudou o
Massinga, tirando o seu boné que fazia parte da indumentária oficial da Cova da
Onça. O António só me respondeu: eu não sabia. Tudo bem, António, assunto
arrumado. Mas ele é o meu principal guarda-costas, acrescentei. Depois, mandei
o Santos (ferrenho benfiquista), empregado de mesa, levar um scotch ao António,
oferecido em nome do meu guarda-costas. Por uma noite, Paulo Massinga passou
por meu guarda-costas. Confesso que estava bem protegido.
Sem comentários:
Enviar um comentário