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485º Aniversário da Cidade de Angra do Heroísmo

quinta-feira, 2 de novembro de 2017

Luís Bretão - Um Terceirense de Causas

Depoimentos de pessoas amigas e conhecidas, convidadas pela autora do livro, a distinta escritora Isabel Coelho.

Ilha do Faial
Fernando Menezes

A Viagem da Amizade (1966-2014)

Corria o verão de 1966 quando embarquei no navio “Carvalho Araújo” da velha e histórica companhia de navegação “Insulana” com destino a Lisboa.
Depois de “aturadas” provas, tinha sido selecionado pela Mocidade Portuguesa, juntamente com outros colegas, para representar a ilha do Faial na inauguração da ponte sobre o Tejo que ocorreria no dia

6 de Agosto desse ano.

Na juventude dos meus catorze anos, vividos sempre nos limites da ilha, esta viagem tinha o sabor da descoberta e o apelo da aventura. Pela primeira vez ia a Lisboa, essa cidade mítica e deslumbrante, na altura a capital do império português.



A primeira paragem foi em Angra do Heroísmo e recordo-me como se fosse hoje, que estava à nossa espera um rapaz aí pelos vinte anos, de cabelo aloirado e conversa fácil que simpaticamente nos convidou para almoçar na sua casa ali bem perto. Não o conhecia de lado nenhum e achei aquilo extraordinário. Na minha terra não era hábito convidar desconhecidos para casa assim à primeira vista. Esse jovem, generoso e bem-disposto, era o Luís Bretão e começava ali uma amizade que se iniciou naquela viagem e que se prolongaria até hoje, volvidos que são 48 anos. Sem nunca nos perdemos de vista, fomo-nos encontrando ao longo dos anos nas várias esquinas da vida, partilhando sonhos e desejos.
Muito mais tarde quis o destino que, por afinidade e pela via colateral, as nossas famílias se cruzassem, como de volta e meia acontece por estas ilhas que o mar só aparentemente separa.
Sobre o Luís muito tem sido dito e muito tem sido publicado sobre uma vida de entrega aos outros, servindo sempre com abnegação as mais variadas instituições e colectividades, promovendo e resgatando o desporto, as tradições e os costumes da ilha que o viu nascer, onde vive e que ama sem desfalecimento.
Com o Luís tenho tido o privilégio das demoradas conversas sobre as nossas ilhas, a nossa cultura e os nossos afectos, entre sabores de um “tintinho” e de um “queijinho”, outrora na cozinha e agora no telheiro. Com o Luís vivi alguns momentos importantes da sua vida, acompanhei a angústia dos momentos difíceis, apoiei algumas iniciativas de divulgação da nossa terra e da nossa cultura popular e recordo com emoção aquele magnifico encontro entre as nossas famílias, generosamente preparado por ele e pela Luísa em Junho de 2008.
Do Luís recebo de vez em quando um telefonema. Umas vezes para me tratar mal porque passei pela Terceira e não fui a S. Carlos, outras para me dizer que vai enviar uns papéis e outras ainda para trocar impressões sobre notícias destas ilhas que o seu espírito atento não deixa passar.
Do Luís recebo sempre e sobretudo provas da amizade que o tempo fortalece e um inestimável exemplo de coragem e de amor à vida e à nossa terra.
Bem hajas amigo! Um forte abraço!

Fernando Menezes
Cidade da Horta, Janeiro de 2014

Carlos Alberto Alves

Sobre o autor

Carlos Alberto Alves - Jornalista há mais de 50 anos com crónicas e reportagens na comunicação social desportiva e generalista. Redator do Portal Splish Splash e do site oficial da Confraria Cultural Brasil-Portugal. Colabora semanalmente no programa Rádio Face, da Rádio Ratel, dos Açores. Leia Mais sobre o autor...

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