Ilha do Pico
Manuel Serpa
O meu testemunho – abraço moldado na disciplina férrea do Seminário de
Angra, imbuído de valores formativos, reconhecidamente, excecionais na área
inteletual, latejava-me o coração na perspetiva do encontro com os outros, o
mundo e a Vida.
Depois do encontro repousante no vislumbre quotidiano da pedra encardida
na minha Ilha Morena, voltei a Angra, a querida Angra, para iniciar a
caminhada. Tinha vinte e três anos. O primeiro após o Seminário.
Cá fora a cidade era ainda mais atraente, com profundas marcas
culturais, ativa e apaixonante. E
regurgitava de jovens sedentes de uma vida
pautada por valores.
regurgitava de jovens sedentes de uma vida
pautada por valores.
Foi com eles que aprendi a perceber e sentir a Vida, foram eles que me
proporcionaram o ano mais feliz de toda a minha existência.
Foi nesta trajetória de profundas mudanças, a jorrar os estremeções dos
verdes anos, que conheci o jovem Luís Bretão, melhor dizendo, o meu irmão Luís.
Líder nato, (os líderes não se fazem, surgem!) aliava a uma atividade
transbordante a capacidade idiossincrática de perceber os problemas, as
transformações e tentar resolvê-los.
O Luís foi, acima de tudo, um lutador indómito, de profundas convicções
e que, na caminhada, sempre gritou a mentira das noites sem estrelas. E muitos
acreditaram que o cintilar de uma “estrela” pode ser o rumo da felicidade.
Escrever sobre o Luís Bretão é recordar a Igreja de S. Francisco repleta
de raparigas e rapazes compenetrados na cruz e nos espinhos que a mensagem de
uma sexta-feira maior pode levar a entender melhor a Vida; recordar os
encontros, os desabafos, as festas, o estreitar de relações e aquela amizade
inquebrantável que nos uniu e que ressurge sempre no encontro furtuito que
acontece por um sítio distante.
No meu percurso sempre lidei com jovens em múltiplas vertentes. Foi
altamente proveitoso.
Obrigado pelo que me ensinaste.
Não posso esquecer os múltiplos encontros quando exercias a tua
profissão. O sorriso, a compreensão. Ajudaste tanta gente. Testemunhei.
Meu caro Luís,
conseguiste sempre
uma coisa fantástica: desvendar o que está para além do gesto, o que está para
além da palavra, o que não tem nome e, tem ao mesmo tempo todos os nomes do
mundo: Vocação. De líder, multifacetado.
Agradeço à Vida por ti. E nunca te esquecerei.
Um abraço do tamanho da montanha maravilha.
Manuel Serpa - Ilha do Pico, Março
de 2014
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