JORNALISMO EM DESTAQUE

485º Aniversário da Cidade de Angra do Heroísmo

quarta-feira, 8 de novembro de 2017

Poemas - Da conceituada atriz Cidah Viana


FOGUEIRA
As manhãs da minha infância eram muito geladas.
Ao ritmo do pedalar da máquina de costura, esperávamos ansiosos os nossos pijaminhas de flanela. 
Tão lindos...
Com detalhes infantis na estampa...
O cheiro da canjica fumegando no tacho de cobre
nos dava a certeza de uma noite quente.

Quente pela canjica...
Quente pela fogueira...
Quente de amor...
"Já vou tacar fogo na fogueira" - dizia papai.
Bum... Ela aquela gritaria de alegria...
"Peguem as bandeiras, vamos rezar o terço" - mamãe dizia.
E devagarinho os mastros iam se levantando
ao som da canção da meninada:
"Com a filha de João, Antônio ia se casar, mas Pedro

fugiu com a noiva na hora de ir pro altar..."

Viva Santo Antônio!
Viva São João!
Viva São Pedro!

"Põe mais lenha no fogão, canjica é boa quente
pra esquentar o peito" - mamãe pedia.
E a festa começava ao redor da fogueira.
Nem precisava de convidados...
Papai, Mamãe e doze filhos animavam a festa.
E cantavam:

"Mas no fim dessa história, ao apagar a fogueira,
João consolava Antônio, que caiu na bebedeira".
Fico lembrando e rindo da inocência ao escolher a música
para homenagear os três Santos da festa junina.
Santo Antônio ia casar com a filha de São João
mas São Pedro fugiu com ela e Santo Antônio
caiu na bebedeira... Que exemplo, hem?

Pura caçoada.

São João era o mais Santo.
Recordando e rindo me aqueço

com a fogueira da minha infância.
Tão pura.

E ela continua acesa

dentro do meu coração.




Carlos Alberto Alves

Sobre o autor

Carlos Alberto Alves - Jornalista há mais de 50 anos com crónicas e reportagens na comunicação social desportiva e generalista. Redator do Portal Splish Splash e do site oficial da Confraria Cultural Brasil-Portugal. Colabora semanalmente no programa Rádio Face, da Rádio Ratel, dos Açores. Leia Mais sobre o autor...

Sem comentários:

Enviar um comentário