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FOLHAS DE JORNAIS NA MINHA URNA
Sexta, 03 de Julho de 2015
Quando morrer, desejaria que a minha urna fosse coberta de folhas de jornais
impressas, levando para o “outro lado da vida” (onde muitos dos meus amigos me
esperam), esse bichinho que, felizmente, continua bem mexido. Daí que,
regularmente, vou alinhavando alguns escritos para, assim, não morrer de tédio.
Mas manda a verdade dizer que o bichinho não me larga e que simultânemente está
difícil arranjar um antídoto eficaz para afastá-lo de uma vez por todas. Sempre
vou pensando que já chegam 51 anos de ininterrupta
atividade. Terá valido a
pena? Sobre isso tenho que dizer que foi uma das maiores dávidas de Deus em
todos os aspectos. Mas, retornando atrás, e relacionado com o meu pensamento,
quando quero tomar a iniciativa para o adeus definitivo há algo que me prende,
que me diz ao ouvido “ainda podes continuar por mais alguns anos”. Seguindo
este raciocínio, e ainda de pensamentos, lembro-me daquela canção do Paulo de
Carvalho “E DEPOIS DO ADEUS”. Se o adeus fosse neste moimento concretizado,
uma coisa tenho a certeza: o bicho estava morto e eu também morreria de
tédio. Assim sendo, vou prosseguir esta minha encruzilhada, por mim e por
amigos-leitores que me incentivam a manter-me com as minhas crónicas. Se forem
deliciosas ou não, só a eles compete a devida análise, inclusive com uma
crítica que me possa ser desfavorável. Não sou, de forma alguma, um “Deus
Ex-Machina” e, como tal, exibicionista da tal e célebre frase de alguns: “eu
nunca erro”.
Quero, circunstancialmente, quando for para o “outro lado da vida” que a
minha urna seja coberta de folhas de jornais, preferencialmente de alguns, quer
ao nível nacional quer ao nível regional, por onde passei por largos anos: A
Bola, Record, A União, Diário Insular, Açoriano Oriental, nomeadamente. E digo
nomeadamente porque foram muitos aqueles onde registei a minha colaboração
regular. A não ser que a cova que me receberá dentro da respectiva urna, também
possa ser coberta por folhas desses mesmos jornais não citados. Era uma
forma de sentir, momentaneamente, o cheiro da tinta desses veículos que muito
têm contribuído para o desenvolvimento sociocultural – e não só – de um país,
de uma região abençoada, como é o caso dos Açores.
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