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quarta-feira, 24 de janeiro de 2018

Figuras que jamais serão esquecidas - "Monstro Sagrado" Fernando Pessoa



POEMAS INÉDITOS
Poema inédito de Pessoa traduzido por Hubert Jennings

Às vezes, repentinamente olhando pra cima, acho
Ter compreendido a forma vazia das coisas
Outro aspecto que o absurdo
Toma-me um repentino terror
Havia olhos em tudo -onde estão as coisas agora?
Havia um mal misterioso na sem vida das Presenças...
Tudo era mais Deus, mais Vida, do que é agora.
Onde está o ouvir deste sempre amanhecer
_[quando olhei para cima demasiado repentinamente_?
O que está escondido de mim que é tudo?
A mão que repentinamente nublou quando olhei o que continha?
Ou podem os homens virar a esquina do Ver e do Ouvir
E buscar o mistério das coisas?
(Tradução de Patricio Ferrari)

Transcrição de poema de Pessoa
O que há de errado com o que há de certo em meu coração é outra
Coisa bem diferente de (...)
Minha dor não é por não ser pai
Minha dor é mesmo por não poder ser mãe
Apenas ser mãe preencheria sem perder uma gota
O copo de doçura que aguarda em mim
Poema inédito de Fernando Pessoa
Sua poesia era um primor
E a bebedeira, habitual.
O mal podia ser maior.
Podia escrever poesia pior
E num melhor clima mental.
(Tradução de Alípio Correia de Franca Neto)
Outro trabalho inédito
Cercai-me o coração,
ó, névoas noite afora.
Cercai fortes agora
À asfixia e aflição,
Vosso véu que apavora.
Cercai-me em vosso encargo
De criardes meu tutano,
Senciente a ser humano,
Ser uma sombra e um lago,
Um desgosto e um oceano.

Algo que é uma imagem
Da coisa sem nenhuma
(Tradução de Alípio Correia de Franca Neto)
Carlos Alberto Alves

Sobre o autor

Carlos Alberto Alves - Jornalista há mais de 50 anos com crónicas e reportagens na comunicação social desportiva e generalista. Redator do Portal Splish Splash e do site oficial da Confraria Cultural Brasil-Portugal. Colabora semanalmente no programa Rádio Face, da Rádio Ratel, dos Açores. Leia Mais sobre o autor...

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