Bruno de Carvalho
A primeira vez que me ri de vontade de Bruno de Carvalho foi quando o vi a tentar dar um pontapé numa bola. Na altura ainda não tinha entregado o rechonchudo corpinho aos cuidados de Tallon, era uma espécie de almôndega com pernas, lá deu uma corridita em direcção ao esférico, não lhe acertou e quase caiu. Ai gaitadaria…
Ao longo do tempo em que foi sendo presidente do SCP sucederam-se as vezes em que me provocou franca gargalhada. Não pelo que dizia, não, sempre que tenta fazer humor ou ser irónico a coisa não lhe corre bem. Fez-me rir pelo que ele é. É, de facto, um homem com o dom especial de fazer com que os outros se riam dele, atributo que tem aproveitado sobejamente sempre que faz surgir a sua patética figurinha..
Nos últimos meses, no entanto, perdi a vontade de rir dele. O homem está completamente desequilibrado. A ponto de ter pena do coitado. O que, confesso, não gosto nada.
Mas como não ter pena de um tonto que chama cobarde a Vasco Lourenço? Ou que insulta e injuria alguns sportinguistas de valor, chamando-lhes sportingados? Ou que ataca Rogério Alves, um dos juristas mais brilhantes de Portugal, antigo Bastonário da Ordem dos Advogados, só porque sente que ele poderia tomar-lhe o lugar?
Como não ter pena de um carente capaz de chamar aos seus próprios pares “trampa”? De mentir dizendo-se sozinho num automóvel, triste e abandonado, só para pressionar os sócios a darem-lhe o que ele quer? De fazer chantagem psicológica com os potenciais participantes da Assembleia Geral, em que exigiu percentagens de 75% para continuar no cargo para o qual foi eleito há apenas meses?
Como não ter pena de um rapaz que se diz perseguido, sequestrado, rematando que tem mais que fazer do que suportar tudo isso, nomeadamente dar mais atenção à esposa, acrescentando que “ainda por cima até é bem gira”? Como se terá sentido a doce Joana, ao ser assim exposta ao País, como se fosse um engate de esquina, em vez da mulher do sumo presidente?
No último fim-de-semana, Bruno lá conseguiu e até ultrapassou tudo o que queria, na tal Assembleia Geral. Era a altura ideal para se concentrar no Sporting. Mas lá desata outra vez a disparatar. Nomeando e injuriando de novo sócios dos quais não gosta. Nomeando e injuriando adversários de outros clubes, nomeadamente do Benfica. Clamando para que os sportinguistas deixem de ler jornais e de ver televisão. Incentivando os comentadores afectos ao SCP a não participarem mais em quaisquer programas radiofónicos ou televisivos.
Bruno é um homem só, que quer ficar ainda mais só, embora não orgulhosamente. O que é estranho, pois nenhum outro presidente do clube de Alvalade teve tanto apoio dos sócios. Quer que o Benfica desça de divisão, para ficar mais fácil ser campeão. Quer silenciar por completo as vozes que lhe são contrárias. Não se importa com o facto de sócios serem provocados, quase agredidos, o mesmo acontecendo com jornalistas. Lembra-se da Constituição quando é castigado com suspensão, berra que ninguém o cala mas depois quer calar toda a gente, esquecendo a liberdade de expressão.
Resta o Sporting, que é maior que ele e a ele sobreviverá. Mas entristece-me ver gente de bem a apoiar este homem pequeno, só pelo desejo de ganhar um campeonato. Entristece-me tanto que quase desejo que ganhem dois ou três seguidos, para este ódio ter fim. Porque as obsessões são perigosas. Assim como o são os ditadores.
António Bulcão
(publicado hoje, no Diário Insular)
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