As
Emboscadas do Esquecimento
As casas de Martine
São feitas de memória em inventário
As casas de Martine de Norte a Sul
País real para além do calendário
Fixando numa cor que hoje é azul.
São
mais que sete casas do poema
São
mais que do largo as duas ruas
O
poço no meio saiu dum cinema
Cerromaior
traz consigo outras luas.
Catálogo de uma viagem a Portugal
Janelas, portas, chaminés, telhados
Olhar do tempo efectivo e natural
Em casas de habitantes afastados.
Casas
a quem quero como minhas
Com
balcões para eu ficar todo o dia
Águas-furtadas
palavras tão sozinhas
Como
a força desta nova geografia.
José do Carmo Francisco
Balada da Rua Morais Soares 95 A
Por insólitos factores
E razões particulares
Saiu dos Restauradores
Foi para a Morais Soares.
Continua
a ser o Pirata
Com
ou sem perna é opção
É
um aperitivo de prata
Um
digestivo de eleição.
Seja qual for a hora
No balcão em ritual
A pressa já se demora
Na liturgia sem missal.
Óh
Ribeira dos Amiais
Onde
era longo o Inverno
Oiço
o cantar dos pardais
Tempo
velho e moderno.
Saudades do espaço antigo
Bois, carroças e cavalos
Na adega dum amigo
O vinho de três estalos.
Nas
carradas de tijolo
Casas
novas num casal
Vinho
fresco é consolo
No
Verão de Portugal.
Hoje na Morais Soares
Continua a aventura
Dos piratas sem lugares
Nas ruas da amargura.
Num
tempo de alegria
Um
intervalo em pessoa
Fica
o Pirata em poesia
Nesta
rua de Lisboa.
José do Carmo Francisco
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