485º Aniversário da Cidade de Angra do Heroísmo

sexta-feira, 4 de maio de 2018

Do poeta-jornalista-escritor José do Carmo Francisco






As Emboscadas do Esquecimento

As casas de Martine

São feitas de memória em inventário
As casas de Martine de Norte a Sul
País real para além do calendário
Fixando numa cor que hoje é azul.
São mais que sete casas do poema

São mais que do largo as duas ruas
O poço no meio saiu dum cinema
Cerromaior traz consigo outras luas.
Catálogo de uma viagem a Portugal
Janelas, portas, chaminés, telhados
Olhar do tempo efectivo e natural
Em casas de habitantes afastados.
Casas a quem quero como minhas
Com balcões para eu ficar todo o dia
Águas-furtadas palavras tão sozinhas
Como a força desta nova geografia.

José do Carmo Francisco   


Balada da Rua Morais Soares 95 A

Por insólitos factores
E razões particulares
Saiu dos Restauradores
Foi para a Morais Soares.
Continua a ser o Pirata
Com ou sem perna é opção
É um aperitivo de prata
Um digestivo de eleição.
Seja qual for a hora
No balcão em ritual
A pressa já se demora
Na liturgia sem missal.
Óh Ribeira dos Amiais
Onde era longo o Inverno
Oiço o cantar dos pardais
Tempo velho e moderno.
Saudades do espaço antigo
Bois, carroças e cavalos
Na adega dum amigo
O vinho de três estalos.
Nas carradas de tijolo
Casas novas num casal
Vinho fresco é consolo
No Verão de Portugal.
Hoje na Morais Soares
Continua a aventura
Dos piratas sem lugares
Nas ruas da amargura.
Num tempo de alegria
Um intervalo em pessoa
Fica o Pirata em poesia
Nesta rua de Lisboa.

José do Carmo Francisco 

Carlos Alberto Alves

Sobre o autor

Carlos Alberto Alves - Jornalista há mais de 50 anos com crónicas e reportagens na comunicação social desportiva e generalista. Redator do Portal Splish Splash e do site oficial da Confraria Cultural Brasil-Portugal. Colabora semanalmente no programa Rádio Face, da Rádio Ratel, dos Açores. Leia Mais sobre o autor...

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