A minha cruzada jornalística começou exatamente em
10 de Março de 1964. Depois de alguns vacilos no que concerne a opções
(marinheiro, psicólogo, etc.), quedei-me pelo jornalismo, quiçá o número três
da minha própria lista. Opção errada? Nem por lá perto. Hoje, fazendo uma
retrospectiva dessa cruzada que já leva 54 anos de percurso, não me sinto nenhum
rei, mas sim, digamos, um ”oficial” desse rei que lançou o repto a muita gente
para que a Comunicação (escrita, falada e visual) constituísse uma autêntica
realidade. E
assim foi através dos tempos por via dos meios humanos e
tecnológicos que foram surgindo de década em década. Hoje, tecnologicamente
falando, os meios são fantásticos com o surgimento da internet e, para breve,
certamente que haverá surpresas nessa área. Não tenhamos a menor dúvida.
Diz-se que o “homem põe e Deus dispõe”. Acredito
piamente que esta máxima já fez muita gente feliz com o que Deus passou para a
concretização do(s) desejos(s) pretendidos(s). No que diz respeito à minha
pessoa, essa cruzada encontrou um desejo manifestado desde muito jovem. Este:
vir conhecer o Brasil e, se possível, ver em pessoa, numa lista de muitos reis
(é sabido que este termo é muito aplicado em várias áreas sociais e culturais,
óbvio neste Brasil) o rei da música e ficar ainda mais enriquecido com dados
fornecidos, desde a sua infância até ao momento actual. À medida que fui
crescendo, física e intelectualmente, sempre registava algo sobre o rei da
música, ora pelas descrições contidas nos discos (de vinil como aqui se diz no
Brasil), ora pelas notícias que chegavam através da mídia, nessa altura em menor
quantidade paralelamente ao que hoje se constata. Também hoje a qualidade é
muito superior, nomeadamente em relação aos jornais, completamente
transformados em função dos tais meios técnicos a que já nos referimos no
início do corpo deste artigo.
E eis-me, do sonho à realidade, no Brasil,
desembarcando no Galeão a 20 de Agosto de 2004. Sem trazer a camisa da Toyota,
acabei mesmo por seguir o slogan dessa conhecida marca de carros: veio para
ficar e ficou mesmo. Talvez não tenha sido bem assim, mas por lá perto. E se
foi perto, aplica-se na mesma o dito slogan.
Percursos, mudanças bruscas, alguma instabilidade,
enfim, o que existiu nesta cruzada “made in Brasil, com o carimbo de um senhor
que se assina com as iniciais CAA”. De famas e intriguinhas, alguém me lançou
esta: “você é mulherengo como o rei”. Tive mesmo que responder que não conheci
nenhum rei que não tivesse muitas mulheres. É o preço da fama, da admiração,
enfim, da cobiça humana. Se me perguntassem se eu gostava de dormir com a ex-
presidente do Brasil, sendo ela uma mulher livre (ao que dizem...), claro que a
minha resposta seria esta: sim, se também na circunstância não tivesse
cara-metade. Ficaria mais famoso se chegasse ao domínio público. Este é mais um
exemplo complementar da cobiça. Bom, deixamos a cobiça, os e as cobiçadas, e
vamos aos finalmente.
Já passei a mensagem nos OCS que colaboro que o meu
objectivo, única e exclusivamente, se Deus me der saúde, visa por atingir os 55
anos de carreira. Mas, nesta carreira recheada de sucessos (passe a imodéstia),
confesso que jamais me passou pela cabeça escrever sobre o Rei Roberto Carlos,
apesar de, em Portugal, ter alinhavado um artigo referente ao sofrimento de
Roberto Carlos aquando da doença de Maria Rita, artigo esse, e já adiantando,
que também trouxe à estampa no Splish Splash, que emocionou muita gente,
inclusive o administrador, o meu bom amigo Armindo Guimarães, a quem quero
tirar o chapéu (não estou no programa do Raúl Gil, mas monto aqui este quadro)
pela forma como escreve, como ilustra as matérias e, acima de tudo, a sua
dedicação ao maior e melhor portal do mundo. Esta a publicidade do “Carlinhos
da viola”. E finalmente Roberto Carlos. Nesta minha cruzada os caminhos se
cruzaram e, simultaneamente, recuando no tempo, concretizado o desejo de ver o
Rei em pessoa. Mas, escrever sobre o Rei, como tenho feito ao longo destes anos
(quase oito) em que marco presença assídua (contratos são para se cumprirem) no
Splish Splash não estava nas minhas cogitações. Faço-o com enorme dedicação e
carinho por um ser humano que tem sofrido muitas contrariedades, mas que, por
outro lado, sempre tem revelado um estoicismo digno dos maiores encómios. É por
isso que eu sempre digo nas cavaqueiras com os amigos (hoje publicamente) que
Roberto Carlos é um Rei completo. O grande cantor, o grande ser humano que é,
humilde junto de todos aqueles que o rodeiam e sempre com o coração aberto para
com os fãs. Quantos milhões?
Bem
vistas as coisas, meu caro Roberto Carlos, Rei dos Reis (nada tem a ver com o
Charlton Heston), tu é que fazes parte da minha história, ou seja, encerrando
este ciclo da minha carreira que considero honrosa, com “chave de ouro”.
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