Das memórias retroactivas de Mário Frayão
Aos 90 anos de idade, Mário Frayão acaba de dar à estampa Memórias com Sorrisos (2018), que dá continuidade e complementa o seu primeiro livro, Crónicas e outras estórias (edição de autor, 2016). Num e noutro, temos a elegância da narrativa e a clareza da escrita, servindo, e bem, um humor que é requintado e uma ironia que é inteligente.
Num estilo comunicativo, directo e jocoso, revelando capacidade descritiva e narrativa, Mário Frayão escreve falando sobre pessoas, acontecimentos, casos e vivências que lhe povoam o imaginário e marcaram a sociedade faialense de outras eras. E fá-lo com grande poder de observação e de pormenorização, recorrendo à sua (prodigiosa) memória.
Quando se começa a ler Memórias com Sorrisos é impossível parar. É um livro que fornece momentos de hilariante e apetecível leitura, deixando no leitor o tal “plaisir du texte”, de que falava Roland Barthes. Estamos perante estórias do imprevisto e do imprevisível, envoltas em atmosferas familiares e afectivas, eivadas de peripécias e pirraças que divertem e nos divertem, provocando o riso.
Interlocutor amabilíssimo, autêntico e generoso, Mário Frayão tem já na forja um novo livro. Porque é grande a sua necessidade de comunicação e de expressão. E porque a oralidade constitui uma das características fundamentais da nossa cultura.
Por conseguinte, este autor faialense vai continuar a escrever com os olhos da memória e contra o esquecimento.
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