Renato Lima, meu companheiro de estudo na Escola Comercial e Industrial de Angra do Heroísmo, atleta que passou por dois clubes do meu coração: Lusitânia e Sporting da Horta. Um atleta eclético. No Sporting e no Lusitânia apresentou-se em várias modalidades. E também foi um digno representante de seleções faialenses e da Terceira.
Renato Lima sempre foi daqueles que, com toda a facilidade, pela sua maneira de ser, soube fazer amizades, não discriminando ninguém.
Sempre que tem oportunidade, vem de férias ao Faial (a sua terra natal) e à Terceira, convivendo com amigos delonga data, alguns deles que com ele jogaram – e aqui cito, como exemplo, o Mário Vargas. Dois atletas de grande valia que vestiram a camisola do Sporting Club da Horta. HOJE E SEMPRE!
Não me vou alongar mais, deixando aqui registados dois dos artigos que escrevi e relacionados com Renato Lima. A vinda para o Lusitânia e o célebre golo que marcou mesmo coxeando.
O trio que veio do Faial
Até ao êxodo emigratório, e ainda poucos anos depois, muitos jogadores do Faial rumaram para a Terceira, sobretudo em busca de melhores empregos e, também, beneficiando de algumas regalias que o(s) clube(s) incluía na respectiva cláusula de transferência. Outros para cumprirem o serviço militar no BII 17 e na Base Aérea 4 das Lajes. No tempo em que não havia contratos paralelos. Nem por sombras se pensava nisso. Outros tempos, outro futebol, outro entusiasmo com o Municipal de Angra abarrotando de gente, nomeadamente nos jogos Angrense - Lusitânia e nos confrontos destes dois com as duas equipas da Praia, Sport Praiense e União Desportiva Praiense. Sobre este, adianto, desde já, que quase sempre contou nas suas fileiras com jogadores faialenses, destacando, entre outros, Almeida (vulgo Batata), Cegarra e Piroco. Para o Praiense, mais jogadores de São Miguel, fazendo aqui referência aos irmãos Lagoas, alguns deles encontrei em Fall River aquando das minhas deslocações jornalísticas à Costa Leste.
Manda a verdade dizer que, quer Lusitânia quer Angrense, beneficiaram muito da vinda de jogadores do Faial. Vou tentar registar a maioria, reconhecendo que algum nome passará ao lado.
Lusitânia – Afonso Serpa, João Cardoso (cunhado do Mário Lino), Picanço, Mário Lino, Manuel Maria, José Cipriano, Dionísio Capaz, Vasques, Manuel Fernandes, Manuel Fernando, Jorge Faria, Renato Lima, Gaspar Neves, Jaime Serpa (transferido do Angrense), Serpa (irmão do Jaime e do Carlos), Hélio Pereira (que veio do AAC).
De treinadores, a presença de Mário Laranjo, que foi jogador do Sporting de Braga.
Angrense – Carlos Meneses, Jorge Cipriano, Chino, Carlos Serpa, Jaime Serpa, Canetas, Tibério Vargas (vindo do AAC ainda juvenil), Canarinho (fugiu da gaiola nos Estados Unidos), Carlos Morais, Abel Lima, Gomes, Alexandre Simas, Carlos Goulart (filho do Chino, na época em que o Angrense subiu à 3ª Divisão).
O título com que encimamos este artigo tem a ver com o trio Gaspar Neves, Jorge Faria e Renato Lima. Formaram, na época, um trio atacante de muito respeito. Gaspar Neves na direita, Jorge Faria ao centro e Renato Lima na esquerda. Jorge e Renato emigraram para os Estados Unidos e Gaspar Neves ainda se encontra pelo Faial, tendo sido um dos bons treinadores ao serviço do futebol da ilha.
Numa das minhas viagens em reportagem aos Estados Unidos, entrevistei Jorge Faria. Na mesma, o mesmo fiz com Manuel Lima (que jogou no AAC), em New Bedford, e Jaime Serpa em Bristol. Dos terceirenses, Jorgino, Ildeberto e Jejé e, de São Miguel, também três ex-jogadores, um deles o célebre Pica-Pau que representou o Santa Clara, e ainda José Americano que veio do Micaelense para o Sport Angrense.
RENATO LIMA, "MEIO CAMBADO", MARCA GOLO HISTÓRICO
Evidentemente que, quando conheci Renato Lima, nunca me passou pela cabeça que, volvidos alguns anos, iria ser treinador do clube onde ele iniciou a sua eclética carreira, o Sporting Club da Horta que, hoje, apenas tem as suas portas abertas para a modalidade de andebol, disputando o principal campeonato nacional da modalidade. Mas, no meu espírito, continua sempre o velho slogan do clube HOJE E SEMPRE SPORTING! Não posso esquecer que, nessa época de 1986-87, o Sporting me contratou para ser campeão de ilha e da Associação de Futebol da Horta. Felizmente, que lá chegamos, e o trajeto foi acrescido com o lugar de “vice” na prova de acesso ao escalão terciário do futebol nacional.
No lançamento do livro do meu amigo José Silveira (que não passou pelo Sporting, mas que se evidenciou no Fayal Sport e no FC Flamengos) em que fui orador da noite, não esqueci de fazer referência aos três jogadores do Faial que, na companhia do técnico Mário Laranjo (formou equipa com Manuel Macedo Pereira e o professor Nuno Monteiro Paes), rumaram para a ilha Terceira para representar o Lusitânia. Foram eles, professor Gaspar Neves (Fayal Sport), Jorge da Rosa Faria e Silva (Angústias Atlético Club) e Renato Lima (Sporting da Horta). Um trio atacante. Gaspar pela direita, Jorge pelo centro e Renato pela esquerda. Óbvio que, nas minhas idas ao Faial e no tempo em que lá permaneci (1986-87 e 2003-2004, antes de vir para o Brasil), encontrava com regularidade Gaspar Neves. Inclusive, esteve presente no lançamento do referido livro, em que o quinto capítulo foi escrito por mim. Outros colaboraram, não esquecendo os meus bons amigos Manuel Lino e o professor Ruben Rodrigues. Por outro lado, numa das minhas viagens aos Estados Unidos, para realizar um trabalho com antigos atletas de São Miguel (Pica-Pau, José Americano e outro que não me recordo, que substituiu o Noá por impossibilidade deste), Faial (Jaime Serpa, Jorge Faria e um terceiro de nome Manuel Lima que jogou no AAC) e Terceira (Ildeberto Alves, Jejé e Jorgino), reencontrei Jorge Faria. Aliás, parti já com essa intenção, recorrendo aos préstimos do meu saudoso amigo Joaquim Laureano Simões (RIP) que foi o nosso elo de ligação. De Renato Lima, nas cinco vezes que me desloquei ao Canadá e aos Estados Unidos, não tive essa oportunidade.
Quando esse famoso trio veio para a Terceira, as refeições eram feitas no Restaurante Moka do meu tio Valdemiro. Era lá que eu encontrava frequentemente o Mário, o Gaspar, o Renato e o Jorge Faria, mantendo com eles uma sadia amizade.
Mas reencontrar o Renato Lima acabou por não ser difícil, após todos estes anos. Aconteceu exatamente no facebook, para mim a melhor rede social que surgiu na internet, porque foi através da mesma que recuperei o paradeiro de muitos e muitos amigos, sobretudo aqueles que estão emigrados e que não são poucos.
Nessa época em que o Lusitânia chegou ao título, batendo o Angrense por 1-0 (saudades desses jogos, de casa cheia, de entusiasmo ao rubro), Renato Lima foi o autor do golo solitário e, curiosamente, apontou-o quando estava meio debilitado fisicamente, mesmo assim atuou o tempo todo. “Meio cambado”, Renato Lima apontou aquele que na altura foi considerado um golo de ouro, obtido na baliza colocada na zona dos balneários e, também, da casa do guarda, o também saudoso António Pereira, vulgo “António Bolha”. E já são passados 50 anos. O tempo voa, mas a minha memória ainda continua em forma. Às vezes, umas derrapagens, mas isto é normal de quem escreve só de memória. Não é fácil, meus amigos.
Depois, à noite, no Restaurante Beira-Mar, do falecido Manuel Almeida (pai dos gémeos Manuel João e João Manuel), a comemoração do título com o habitual jantar bem regado.
Dessa equipa do Lusitânia (que o Renato marcou o golo do título e o Fernando “loga-loga” tudo defendeu nessa tarde), encontrei em Dezembro de 2010 quando estive na Terceira o Nuno Flores, sempre ao seu inconfundível estilo, franzino, passada larga e bem disposto. Pena, que não reencontrei o meu amigo João Alberto da Rocha Veríssimo. Deus chamou-o mais cedo para junto de si.
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