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quarta-feira, 30 de janeiro de 2019

A dura realidade


Escrito naquele tempo
Nunca fomentei rivalidades entre Terceira e São Miguel. Discordei isso sim de algumas situações que beneficiaram os micaelenses, mas sem o intuito de criar o chamado divisionismo açórico. Hoje mantenho esse mesmo espírito em relação ao que atrás referi.
Nesta semana foi tema dominante um editorial do Diário Insular no que concerne à transferência de presos de São Miguel para a nova cadeia da ilha Terceira, sita na Terra Chã. De imediato, nas redes sociais, nomeadamente no facebook, surgiram reações de discórdia por parte de gente ligada à mídia de São Miguel e não só. Era previsível que isso acontecesse, até porque, nas redes sociais, é mais fácil ofender e escrever coisas por vezes demasiado descabeladas. E até se ofendeu o diretor do jornal que, sendo o principal responsável por tudo o que é publicado no referido matutino, não foi, no entanto, o autor do artigo que não agradou aos tais “comichosos”. Coube isso sim ao chefe de redação, Armando Mendes, jornalista de créditos firmados, a missão de alertar o perigo dessa decisão governamental.
Ora, e aqui um paralelismo dentro da relatividade das coisas, vivo num país (Brasil) onde a criminalidade grassa assustadoramente. Mortes, sequestros, ataques constantes a caixas eletrónicos, enfim, um ror de crimes que, em muitos casos, também engloba menores nos grupos formados para o efeito. E acontece que, posteriormente, aqueles que são presos e julgados, beneficiam dos tais dias que considero “pior a emenda do que o soneto”, ou seja, colocados na rua por um período de dias e daí, grande parte, não regressar aos presídios (re) entrando de novo na criminalidade. E é aqui, neste paralelo (repito, dentro da relatividade das coisas em termos de dimensões), que os terceirenses receiam o aumento de crimes na ilha, atendendo a que muitos desses presos, face ao tal benefício, e sem condições monetárias para fazê-lo (a não ser que o rico governo açoriano o faça) não regressam à sua ilha e, como tal, se infiltram nos bairros sociais da ilha, causando assim uma enorme preocupação. Mas não se entende o motivo pelo qual os responsáveis por essa medida não viraram agulhas para Lisboa, por exemplo. Lisboa ou norte do país, e porque não?
Quer queiram quer não, os terceirenses têm fortes razões para estarem apreensivos. Mas o melhor é esperar pelo que acontecerá no futuro. De resto, parabenizo a coragem do jornalista Armando Mendes por levantar um problema altamente pertinente e que merece reflexão por quem de direito
Carlos Alberto Alves

Sobre o autor

Carlos Alberto Alves - Jornalista há mais de 50 anos com crónicas e reportagens na comunicação social desportiva e generalista. Redator do Portal Splish Splash e do site oficial da Confraria Cultural Brasil-Portugal. Colabora semanalmente no programa Rádio Face, da Rádio Ratel, dos Açores. Leia Mais sobre o autor...

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