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domingo, 17 de fevereiro de 2019

De Graziela Veiga


                                              
TER UM FILHO, É TER A MAIOR SORTE DO MUNDO!  
(Mãe! Escreve sobre mim!) Inês

Hoje, levantei-me a pensar no repto lançado pela minha filha, e vou escrever sobre tudo o que me é mais caro, talvez um dos textos mais difíceis, mas também aquele que é escrito com amor na ponta dos dedos. 

Começo por dizer que, nunca fez parte dos meus planos ter filhos, ainda mais, por questões de saúde, (insuficiência ovárica), diziam os médicos. Para que tal acontecesse, exigia tratamento, na susceptibilidade de não ser eficaz. Os médicos acertam, às vezes, mas há desígnios superiores, que nos alteram os caminhos. 

Casei já bastante tarde, mas em idade fértil. E longe dos meus pensamentos, algum dia, vir a ser mãe. Sentia-me bem comigo própria, e nunca fiz drama pelo facto de hipoteticamente não ser mãe. 

Durante a minha juventude, fui bafejada pela sorte de ser tia. E em abono da verdade se diga, era uma tia "galinha", daquelas de fazer inveja a muitos sobrinhos, por ser tão dedicada aos meus, de tal forma que tudo o que estivesse ao meu alcance, eu fazia questão de cumprir religiosamente. Era um afecto tão grande que eu sentia por eles, quase confundia com o amor de mãe. Hoje, sei, que embora seja amor, não se compara ao Amor de Mãe.

Após o casamento, que ocorreu em Junho, fiz a minha vida normal, adaptando-me bem à mudança, pois demasiado tempo solteira, respeitava demais a minha liberdade. 

Passados três meses, comecei com picadas nos ovários, o que não estranhei, por ser hábito acontecer, e ainda mais, porque ficava imenso tempo sem o período, para mim, normalíssimo. Mas pelo sim, pelo não, fui ao médico, o qual me sugeriu uma ecografia pélvica. 

E foi precisamente, o Dr. Vasco Aguiar, Ilustre Médico,( já falecido), que ao fazer e ecografia, exclamou - Ó filha, como é que tu queres ter o período, se estás grávida!!! 

Fiquei atónita! Eu nem queria acreditar! Houve um misto de sentimentos, confusão, alegria desmesurada, emoção até às lágrimas, mas de repente, uma preocupação tão grande, dada a minha idade. Acrescento que mais tarde, aprendi que não há idade para ser mãe, tal como uma médica amiga me disse - És mãe e pronto! Se o foste, é porque tinhas idade para sê-lo. Não há mães novas e velhas. Há mães! 

E acrescentou o Dr. Vasco Aguiar - Não sei se é menino ou menina, sei que se mexe bastante. Vamos lá a fazer as contas, a fim de saber de quantos meses estás grávida. 

E ao fim de contas, descobri que tinha ficado grávida, logo após um mês de estar casada. 

Se dúvidas houvesse, naquele momento, desapareceram todas. Era um filho/a, e pronto! Seria o que Deus quisesse, o mais importante era o futuro, o que seria dali para a frente. Deixei de pensar em mim, e logo comecei a pensar em nós. Esta é a grande diferença, a mudança, o desejar mais do que nunca, o bem da outra pessoa. 

Tive a sensação de ter crescido num ápice e voltado a ser pequenina. 

Fui à consulta de Obstetrícia e a Drª sugeriu-me que fizesse uma amniocentese, a fim de verificar se estava tudo bem. Embora, mediante o resultado, eu decidisse jamais abortar, respeitei e lá fui com o marido, ao Hospital Garcia de Orta. Foi um momento de grande expectativa e emoção. Ver a nossa filha num visor gigante, a chuchar no dedo. E a pergunta que se impôs. Será menino, ou menina?

Curiosamente o Professor Doutor. Manuel Hermida, fez a pergunta ao pai e à mãe. - O pai pensa que é menino, ou menina? O meu marido respondeu-lhe que pensava que era menino. E a mesma pergunta à mãe. Eu respondi, que não tinha a certeza, mas pensava que era menina. 

Diz o Professor Doutor Hermida. - Pois é! Os pais têm sempre a certeza, mas nunca acertam, e as mães, não têm a certeza, mas acertam sempre. (risada gera)l. 

E já passaram 13 anos, os melhores da minha vida, sem dúvida, a vinda de um filho, muda tudo. Ficamos com o coração fora do peito, não conseguimos voltar a viver sem esta dádiva, é valorizar as coisas certas, queremos ser melhores, aprendemos a dormir depressa, é percebermos que nos falta aprender tanta coisa, é nunca mais nos sentirmos sozinhos, é partilhar experiências, é descobrir o verdadeiro significado de dar a mão, é dar asas para que aprendam a voar, é emocionarmo-nos pelas pequenas coisas, é torcermos pelas ínfimas victórias, é limparmos as lágrimas deles e nossas, quantas vezes for necessário, é perder o nojo, pois até ficamos capazes de comer os "restos" da comida da boca do filho, coisa que antes, seria impensável, é mostrarmos o melhor de nós, de certa forma, escondermos os nossos defeitos, não por muito tempo, pois os filhos são os grandes reveladores dos nossos defeitos, eles conhecem-nos melhor do que ninguém. 

SER MÃE DA INÊS, É TER A MAIOR SORTE DO MUNDO!   

03-10-2018
Graziela Veiga

Carlos Alberto Alves

Sobre o autor

Carlos Alberto Alves - Jornalista há mais de 50 anos com crónicas e reportagens na comunicação social desportiva e generalista. Redator do Portal Splish Splash e do site oficial da Confraria Cultural Brasil-Portugal. Colabora semanalmente no programa Rádio Face, da Rádio Ratel, dos Açores. Leia Mais sobre o autor...

3 comentários:

  1. Bem-vinda ao nosso grupo. Qualidade não lhe falta. Futebolisticamente falando, e em relação à estação de Portugal (aqui no Brasil ainda é Verão), um excelente "reforço de Inverno". Sinta-se em casa, numa casa onde não há censura.

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  2. Muito obrigada pelas amáveis palavras, bem como o facto de contribuir para que eu me sinta em casa. Beijinho.

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