JORNALISMO EM DESTAQUE

485º Aniversário da Cidade de Angra do Heroísmo

domingo, 3 de fevereiro de 2019

Venha tomar um café comigo - Fernando Fausto Cristóvam


Texto relacionado com a comemoração dos meus 50 anos de carreira 


Carlos Alberto Alves (CAA)

Vou tentar contar um pedaço de minha vida, em que a personagem CAA entra no meu caminho.
Conheci o CAA por morarmos numa cidade pequena, toda a gente duma maneira ou d’outra se conheciam, ou conhecia-se alguém de quem se era próximo d’outro.

                                                
Por outro lado, desde cedo gostei de desporto, em especial o futebol. O CAA era o jornalista de referência para as leituras da segunda feira, no jornal os comentários e entrevistas aos ídolos do nosso tempo, tinham quase sempre no CAA o eco do fim de semana desportivo nos campos de futebol da Ilha e não só.
O tempo passou, e dou comigo a jogar futebol nos juvenis do Lusitânia e como ‘’Mister’’ encontro o CAA. Foi uma época marcante, foi uma época com muitos e bons jogadores, não lhe era difícil organizar a equipa, difícil era saber onde esta malta se metia nas vésperas de jogos com bailes aqui e alí. Entrar em campo, só por opção táctica ou lesão ou por cansaço de outro atleta. Muitas peripécias se passou nessa época, mas recordo hoje com carinho nas vitórias (eram quase todos os domingos) o CAA tinha sempre um prémio para oferecer aos atletas, ora em sua própria casa, um vasto comes e bebes (suminho) ou bilhetes para o cinema ao tempo existiam as matinés. Aquilo era um mimo pequenino, mas tinha um efeito muito grande em nós. Afinal o Mister exigente nos treinos e nos jogos, depois destes, era um amigo mais velho que tinha ao seu jeito um grupo de rapazes voluntariosos a bater-se pelas vitórias. Pequenas coisas que nos unia, que ainda hoje recordamos.
Depois, muitos seguiram a via do desporto sénior, mas eu arrumei cedo as chuteiras nas andanças federativas, e não mais voltei a encontrar CAA como Mister. 
Até que, os nossos caminhos se cruzam, mas por via da Rádio. Para além de ser da Sociedade Proprietária da Rádio Horizonte, além doutras tarefas era também operador de som, e tive o grato prazer de trabalhar em estúdio e em exteriores com o CAA. Nada com ele era ao acaso, sempre com tudo organizado, tudo esquematizado, tudo escrito como um guião ao pormenor.
Embora o CAA esteja na Comunicação Social mais virado para as coisas do Desporto, o CAA é um jornalista de mão cheia, querendo, versa outras áreas da vida social, sem problema nenhum. Basta vermos os seus escritos sobre temas que da sua memória fluem e de que maneira. É um escriba inteiro. 
Quem conhece o CAA, sabe que é um bom conversador, é bem disposto, nervoso pela busca da perfeição, no assumir de responsabilidades, mas que a mostarda não lhe chegue ao nariz…aí, é melhor pedirem substituição, ele é reto no trato mas duro de atitude. Como se costuma dizer, não leva desaforo para casa.
Claro, como acontece com todos, os diretos na rádio são lixados, ali depois de ser dito, não se pode apagar e emendar, ou voltar atrás e recomeçar, saiu…já era. O CAA era comedido de ir aos directos no exterior, preferia as entrevistas de estúdio, aí sentia-se mais à vontade, mas em especial nos rallies tínhamos quase todos os disponíveis na rua, ora nos tempos das classificativas, ora nas entrevistas, secretariado, enfim, era no tempo da rádio em direto, feito com gente dentro e fora dos estúdios, valia tudo que fosse noticia ou informação na hora. Numa dessas ocasiões o CAA teve a incumbência de entrevistar os concorrentes, à chegada ao Parque fechado no final do Rali, no parque de estacionamento junto à Praça de Toiros. Os concorrentes na medida que faziam o controlo e paravam a viatura logo fazíamos por os encaminhar até ao CAA, para a entrevista da ordem, e balanço geral do Ralie, e é durante uma dessas entrevistas, que acontece a cena mais engraçada que conheço do CAA . 
Que ele me perdoe, mas vou contar por ser a única coisa que lhe conheço de ter sido uma coincidência não um erro ou falha dele ou falta de organização dele. Tão concentrado ficava para as perguntas, etc. 
Convêm perceber que no tempo, não tínhamos telemóveis nem Net com Skype, etc, era com rádios militares ou no caso um CB (Banda do Cidadão) ligado com uma bateria de automóvel, e antena, etc. Portanto não era lá muito móvel, pelo que optamos por ficar em zona intermédia das chegadas e o menos barulho possível dos motores. Como escuta usávamos uns transístores com auscultadores. Numa das entrevistas logo das primeiras, o CAA começa a entrevista e recebemos pelo retorno a voz do locutor de serviço em estúdio, dando indicação para baixar, (o som, entendi eu por ser esse o procedimento normal), eu era o operador, e baixei o som, mas não o suficiente, e oiço de novo no retorno, (baixa mais) nessa altura dou com o CAA, a baixar-se e a levar junto o seu entrevistado, começo a rir do que estava acontecer, a entrevista a decorrer, e de novo (baixa mais) e CAA, baixa-se mais. Eu não podia explicar na altura, tive que esperar que terminasse a entrevista, e depois explicar então que baixar era o som não para ele se baixar. Bem a risota aumentou porque os outros viam-me rir mas não tinham escuta não sabiam o que se estava a passar, quando então disse o que era…quem não gostou, por pensar que era gozo, foi o CAA. 
Por pouco ficava sem repórter. Até hoje, foi a única ‘’aponte’’, não à competência, mas à coincidência.
Desculpa amigo, mas em tempo de aniversário, mesmo que de Jornalismo, o que não queremos são tristezas, esta é minha contribuição nas tuas comemorações, uma coisinha para rirmos todos de ‘’lembranças’’…
Muitos parabéns Carlos, e que Deus te continue a dar-te saúde, e que a memória não te falte, para usufruirmos do dom da escrita que nos brindas, e com prazer lemos.
Abraço, e parabéns.
INTÉ
Carlos Alberto Alves

Sobre o autor

Carlos Alberto Alves - Jornalista há mais de 50 anos com crónicas e reportagens na comunicação social desportiva e generalista. Redator do Portal Splish Splash e do site oficial da Confraria Cultural Brasil-Portugal. Colabora semanalmente no programa Rádio Face, da Rádio Ratel, dos Açores. Leia Mais sobre o autor...

Sem comentários:

Enviar um comentário