Rio Seco
Neves de algodão cardado perguntam por ti,
A figueira brava, tingiu -se de cores e matizes,
Esperou por ti um dia e outro,
Desistiu, despiu-se e nua espreita o atalho,
Choraram os limões azedos que regavas,
A erva Luísa, a cidreira e hortelã pimenta morreram de saudade,
Carumas maduras atapetam o caminho que te via chegar,
O pessegueiro angolano deixou morrer os filhos,
Nunca mais te viu chegar,
E eu?
Eu, já me acostumei sem ti e contigo,
Choveu saudade, nevou esperança,
Fez frio, muito frio,
Acordaram as noites,
Os dias estiveram de luto,
A mesa sem comida e a cama vazia.
Nadavam crocodilos em piscinas secas,
Morreram os amores saudáveis,
Os em coma, ressuscitaram,
Enquanto, eu decidi secar as lágrimas,
Abraçar o presente vestido de futuro,
Recordar um amor que valeu pena,
Dar graças à vida por ver no horizonte,
uma sombra turva, que é tua.
Contigo aprendi, amei e sofri,
deixa-me estar porque é tarde,
Muito tarde, as ervas já verdejam na leira.
Fui-me embora.
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