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485º Aniversário da Cidade de Angra do Heroísmo

sábado, 2 de março de 2019

Da poetisa-escritora Manoella Calheiros


Rio Seco
Neves de algodão cardado perguntam por ti,
A figueira brava, tingiu -se de cores e matizes, 
Esperou por ti um dia e outro, 
Desistiu, despiu-se e nua espreita o atalho,
Choraram os limões azedos que regavas,
A erva Luísa, a cidreira e hortelã pimenta morreram de saudade,
Carumas maduras atapetam o caminho que te via chegar,
O pessegueiro angolano deixou morrer os filhos,
Nunca mais te viu chegar,
E eu?
Eu, já me acostumei sem ti e contigo,
Choveu saudade, nevou esperança,
Fez frio, muito frio,
Acordaram as noites,
Os dias estiveram de luto,
A mesa sem comida e a cama vazia.
Nadavam crocodilos em piscinas secas,
Morreram os amores saudáveis,
Os em coma, ressuscitaram,
Enquanto, eu decidi secar as lágrimas,
Abraçar o presente vestido de futuro,
Recordar um amor que valeu pena,
Dar graças à vida por ver no horizonte, 
uma sombra turva, que é tua.
Contigo aprendi, amei e sofri,
deixa-me estar porque é tarde,
Muito tarde, as ervas já verdejam na leira.
Fui-me embora.
Carlos Alberto Alves

Sobre o autor

Carlos Alberto Alves - Jornalista há mais de 50 anos com crónicas e reportagens na comunicação social desportiva e generalista. Redator do Portal Splish Splash e do site oficial da Confraria Cultural Brasil-Portugal. Colabora semanalmente no programa Rádio Face, da Rádio Ratel, dos Açores. Leia Mais sobre o autor...

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