Memórias...
"Tio Pão mole", meu vizinho da guarita, que conheci tão bem!...
Era miúda, mas passava lá algumas horas a vê-lo fazer "milagres" com o barro...
Aquele pé descalço a fazer andar a roda...
Aquelas mãos a moldarem maravilhas...
Quanto o admiro até hoje...
Marcou o meu olhar e ficou-me no coração!
"O tio Pão mole", como o chamávamos...
Se fosse hoje, chamava-o:
"Senhor das mãos magicas"!!!
(Em sua memória , grata por estas memórias)
Pensamentos...
E há tristezas, que se soltam de lugares secretos...
E nos navegam os gestos...
E embriagam os olhos...
E é um grão de areia...
Em poeira de luz clara...
Onda de mar...
Tocando a face de sal...
E o corpo da alma tem um sabor exausto...
Como um infinito parto...
Afago a vida, para comandar o sentido das coisas...
Enroscando-me, na minha concha de "lapa burra",
Para brilhar de madre-pérola...
É preciso dar ocupação à ave,
Que por vezes, magoada voa em nós...
Num minuto de cinza...
E peço ao vento,
Que leve tudo...
Ao vento que vem da Nave...
Cortado, frio e rápido...
E tenho mil sonhos na minha mente
"Descrente-crente",
nesta aventura de ser:
Eu!
E esta emaranhada teia,
Escrava nas minhas mãos,
Plantando palavras que redescubro,
Nesta dimensão,
Todo o nada me toca...
E é tudo... dona de tudo...
De um pouco ter...
E tão somente,
Porque num minuto me talharam este,
"Sabor de sempre"...
Entro pelas "frechas" de mim,
Onde escorrem as minhas lutas,
Enlutadas...
E ás vezes, sou "menos eu",
Em viagens, mil vezes adiadas...
Desta que em mim faço nascer...
"Empoemando-me" a esta entrega,
A que livre me condeno !
E continuo de coração descalço,
Sobre a vida!
As palavras "estão por um fio"...
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