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terça-feira, 7 de maio de 2019

As "fialhadas" do Francisco Fialho - Para as miúdas, raparigas e senhoras


Hoje dedico esta publicação especialmente às miúdas, raparigas e senhoras, com alguns intervalos pelo meio. As queixas são muitas e a minha conselheira para assuntos da blogosfera e da escrita em prosa e poesia, uma enciclopédia literária, minha conterrânea, já me havera dito, em tempos: "oh rapaz, estás à espera de quê para falar da gente"?!....

A primeira coisa que me vem à cabeça é o jogo do balamento (há quem diga belamente), que era jogado próximo da Páscoa, e em que as raparigas diziam balamento umas às outras, em horas combinadas e parceiras escolhidas. Quem visse primeiro a outra dizia-lhe balamento e ganhava um ponto. O problema muitas vezes era de quem viu primeiro quem....Uma confusão,que no final acabava bem, com um saco de amendoas para a vencedora que as repartia com a vencida. Amigas "cuma porcas", salvo seja...

As raparigas formavam uma roda para jogarem ao ring, uma argola em borracha, que atiravam dumas para as outras. Quem deixasse cair perdia, saindo do jogo, até que no final restava uma, a vencedora, que nunca deixara cair o ring.

Um outro jogo de miudas era o do arco, em que uma grande roda feita em plástico fininho era metido na cintura das raparigas, com o objectivo de o fazerem rodar o maior tempo possivel, sem cair no chão. Eram autênticos marabilismos, a recordar a dança do ventre ou artista de circo. Como em tudo na vida, havia as "expert" e as "nabas"....

E as miudas que gostavam de usar umas lindas flores de trepadeira, todas enroladas, como brincos? Uma delicia, que, ouço dizer, há gente que paga bom dinheiro para ir às Caraibas ver coisas parecidas!....

E há alguma coisa como ir à cabeleira ou à esteticista cortar o cabelame, fazer madeixas, pintar, unhas de gel, fazer o buço e pôr a escrita em dia com a cabeleireira que sabe tudo e mais alguma coisa? Pode-se mexericar ou "micar" como se diz numa terra muito linda deste País, cujo nome não é para aqui chamado. Por entre gadalha, tinta e verniz, não sabes que aquela desavergonhada foi num cruzeiro e já não paga ao padeiro há 4 meses? O quê, ela não vê o padeiro há esse tempo todo? Coitada, imagino o desconsolo....

Que me importa isso, eu quero é sair daqui toda perfeita, porque amanhã com tourada à porta tenho de ter a mesa posta para os amigos do meu marido e os penetras que aparecem aos molhos. Sabes que eu sempre fui prezada....É uma vez no ano, não há crise, porque o homem que vendeu a playstation para o meu pequeno há-de esperar pela próxima prestação....

Na escola, no recreio e na catequese, eram rapazes para um lado e raparigas para o outro. Nada de confusões, O pescoço cheio de nodoas negras ou uns arranhões na cara eram coisas que se apanhavam noutros sitios, longe dos olhares dos Educadores do Povo...

Por falar em catequese, lembrei-me que fui chefe de catequistas, ajudei à missa e até comentei a missa dominical da Igreja da Conceição para o Radio Clube de Angra.Numa época havia um padre de bela estampa, homem bom que faleceu prematuramente de doença, que mal acabava a missa e se dirigia à sacristia, já tinha à sua espera meia dúzia de senhoras bem, que mal o padre entrava fechavam a porta da sacristia. Rodeavam-no, ajudavam a tirar as vestes, paparicavam-no. Enfim, striptease nunca vi....O que já vi foi um padre que não resiste a comer carne a qualquer hora do dia ser premiado com a ida para um Santuário...Mas isso são contas de outro rosário.

Para o fim deixo uma breve e incompleta referência ao basquetebol feminino da Ilha Terceira, prometendo voltar ao tema noutra altura, com mais pormenor. Recordo as equipas do Tenis e do Lusitania, com Antonio Frias e João Botelho a liderar, a Leodina, a Lucia Cabeceiras, a Lidia, a Sonica, a Graça Palhinhas e Isabelinha, filha do Antonio Bolha, guarda do Campo de Jogos, onde morava. Uma pisca de gente que fazia do rink de patinagem o seu quintal e onde treinava sózinha horas a fio. Quando chegava aos jogos, a partir do circulo do meio campo, lá atirava ela a bola, com as duas mãos e era cesto garantido....Diziam que eram "chouriços". 

Antes do fim do fim, uma dica sobre as coroações de antigamente, com toda a gente de branco e lindas jovens de bom porte na parte detrás, antes da música. Tudo a rigor, numa época em que a Igreja tentou tomar conta dos Impérios, virando povo contra povo. Eram os saiotes os que eram a favor da posição dos padres e os terroristas os que defendiam a tradição de manter a festa na mão das comissões como ainda hoje acontece, contra ventos e marés e vozes que acham o Espirito Santo muito enfeitado!....Deixem ao Povo o que do Povo é.

Até à próxima.
Carlos Alberto Alves

Sobre o autor

Carlos Alberto Alves - Jornalista há mais de 50 anos com crónicas e reportagens na comunicação social desportiva e generalista. Redator do Portal Splish Splash e do site oficial da Confraria Cultural Brasil-Portugal. Colabora semanalmente no programa Rádio Face, da Rádio Ratel, dos Açores. Leia Mais sobre o autor...

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