Mãe...
(Desnecessária)
A "boa mãe" é aquela que vai se tornando desnecessária com o passar do tempo.
Várias vezes ouvi esta frase, e ela sempre me soou estranha.
Até agora...
Chegou a hora de reprimir de vez o impulso natural materno de querer colocar a "cria sobre a asa" , protegida de todos os erros, tristezas e perigos.
Uma batalha hercúlea, confesso.
Quando começo a esmorecer na luta para controlar a super-mãe que todas temos dentro de nós, lembro-me logo da frase, hoje absolutamente clara:
"Se eu fiz o meu trabalho direito, tenho que me tornar desnecessária"...
Antes que alguma mãe apressada me acuse de desamor, explico o que isso significa.
Ser “desnecessária” é não deixar que o amor incondicional de mãe, que sempre existirá, provoque vício e dependência nos filhos, como uma droga, a ponto de eles não conseguirem ser autónomos, confiantes e independentes.
Prontos para traçar o seu rumo, fazer as suas escolhas, superar as suas frustrações e cometer os seus próprios erros também.
A cada fase da vida, vamos cortando e refazendo o cordão umbilical.
A cada nova fase, uma nova perda é um novo ganho, para os dois lados, mãe e filho.
Porque o amor é um processo de libertação permanente e esse vínculo não pára de se transformar ao longo da vida.
Até o dia em que os filhos se tornam adultos, constituem a própria família e recomeçam o ciclo.
O que eles precisam é ter certeza de que estamos lá, firmes, na concordância ou na divergência, no sucesso ou no fracasso, com o peito aberto para o aconchego, o abraço apertado, o conforto nas horas difíceis.
Mãe solidária - cria filhos para serem livres.
Esse é o maior desafio e a principal missão.
Ao aprendermos a ser “desnecessários”, transformamo-nos em porto seguro para quando eles decidirem atracar.
(Ao Hugo, ao Rui e à Maria Ana, meus filhos)

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