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domingo, 5 de maio de 2019

FICOU CONHECIDO PELO "VALETE DE ESPADAS"


FICOU CONHECIDO PELO "VALETE DE ESPADAS"

Há pessoas que, após terminarem a sua carreira, sobretudo de árbitro e/ou futebolista, enveredaram pelo dirigismo, muitos deles capacitados em função da experiência adquirida ao longo desse tempo de regular atividade. Nesse sentido, existem muitos exemplos e, dos mesmos, trago hoje à estampa uma figura que se popularizou pelo epíteto que lhe colocaram quando árbitro. Ficou conhecido pelo “valete de espadas”, quiçá pelo fato de ser bem moreno. Referimo-nos a Edmundo José Pereira que serviu o Sport Club Marítimo como dirigente, sendo ele um dos grandes obreiros pelo surgimento do jornal “Ecos do Marítimo”, jornal esse onde me iniciei em 1964, tendo à minha responsabilidade a seção dos denominados “desportos pobres” e cuja respectiva associação, nessa época, era presidida pelo capitão Alveno Paula de Carvalho, hoje coronel na reserva.

Edmundo José Pereira, sempre presente na sede do clube após a sua vinda da Base das Lajes (era lá funcionário), num belo dia conversou comigo para escrever para o jornal, visto que já tinha constatado que eu tinha alguma queda para fazê-lo. Aqui, manda a verdade dizer que fiquei altamente surpreendido com esta revelação do Edmundo José Pereira, mas, apesar de ser tímido, sempre decidi experimentar as minhas habilidades jornalísticas que, claro está, com o tempo foram se tornando mais evidentes, já com um pequeno trampolim quando o José Daniel Macide me puxou para este matutino, na ocasião vespertino e tendo como diretor Artur Cunha de Oliveira e chefe de redação Artur Goulart, hoje a viver na cidade de Évora.

Tal como muitos terceirenses, Edmundo José Pereira, que como árbitro não foi dos piores, emigrou para o Canadá em busca de melhores condições de vida. Sempre com o bichinho do dirigismo, em Toronto serviu o Sport Club Angrense Of Toronto e foi muito agradável tê-lo reencontrado em 1977 quando acompanhei o “Angrense-mãe” (Sport Club Angrense da ilha Terceira), na qualidade de jornalista (as minhas crónicas foram publicadas em A União) numa digressão ao Canadá e aos Estados Unidos. Aliás, a minha primeira viagem a estes dois países onde pululam milhares de açorianos.

Com Edmundo José Pereira, já falecido, foi interessante, num momento de cavaqueira na festa de recepção promovida pelo Sport Club Angense Of Toronto (presidido por Adalberto Pinheiro Bettencourt), recordarmos o tempo vivido no Marítimo do Corpo Santo e as dificuldades sentidas para se colocar na rua (como sói dizer-se) o jornal do clube. Mas sempre valeu a pena.

Sem qualquer pontinha de ficção, confesso que antigamente quando jogava uma sueca (de quatro, naturalmente) e apanhava o valete de espadas, logo me lembrava deste saudoso amigo que, verdade se diga, foi a primeira pessoa que me abriu as portas para uma iniciação no jornalismo, apesar de ter sido num jornal de clube. Mais tarde, inclusive, colaborei nos jornais do Lusitânia e do Angrense. E quando me pedem o meu currículo, nunca deixo de mencionar estes órgãos, que deixaram de circular por motivos óbvios. 

Recordar aqui Edmundo José Pereira impunha-se pelas circunstâncias que descrevi no corpo deste artigo.
Carlos Alberto Alves

Sobre o autor

Carlos Alberto Alves - Jornalista há mais de 50 anos com crónicas e reportagens na comunicação social desportiva e generalista. Redator do Portal Splish Splash e do site oficial da Confraria Cultural Brasil-Portugal. Colabora semanalmente no programa Rádio Face, da Rádio Ratel, dos Açores. Leia Mais sobre o autor...

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