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terça-feira, 11 de junho de 2019

Aqui no meu Blog - De António Neves Leal - Efeméride VARANDA DE PARIS Portugal e os Açores vistos de França



Efeméride
VARANDA DE PARIS
Portugal e os Açores vistos de França

No passado dia 7 de junho de 2017, foi publicado este livro que talvez constitua uma viragem na minha produção literária, como bem assinalou Herculano Godinho na primeira sua apresentação da obra, a todos os títulos notável, que teve lugar em Angra do Heroísmo, na BPARAH.

«Varanda de Paris», recorde-se para os mais novos, era o nome de uma crónica quinzenal publicada no saudoso vespertino «A União», durante quatro anos da segunda metade da década de 70. Ainda hoje, alguns se recordam dessa crónica, então muita apreciada, nas quais eram tratados os factos mais salientes dos primórdios da nossa experiência autonómica, e que nelas ficaram indelevelmente registados para a posteridade.

Alguns jornalistas, críticos literários franceses e portugueses, bem como leitores mais atentos realçaram o facto de no fim de cada crónica haver uma súmula dos acontecimentos ocorridos no dia em que era publicada, uma das originalidades do livro, como se poderá ver pelo texto que se transcreverá, aqui, amanhã.
O que de mais relevante ocorreu nos Açores, Portugal e França de 1976 a 1979 lá está plasmado para memória futura, num estilo atraente, condimentado, aqui e ali, com imagens dos Açores, Portugal Continental e, naturalmente, da França (particularmente da sua capital, Paris).

Há meses, uma livreira do Porto chamou-me a atenção para o facto dos turistas estrangeiros e emigrantes, ao olharem para a capa, ficarem depois desapontados por estar escrito em português. Assim, o título era pouco chamativo. Em tradução inglesa seria mais vendido. Concordei parcialmente com ela, mas disse-lhe como resposta: eu defendo que um livro não é um mero produto comercial. Para mim que valorizo muito a qualidade, ele deve ser uma obra de arte, acima de tudo, e não uma coisa que se compra e vende como um pacote de arroz ou um saco de batatas, num qualquer supermercado.

Sei que a moda hoje não vai por este caminho. É por isso que até hoje os meus livros foram todos em edição de autor. Mais importante do que as tiragens, algumas omitidas ou inflacionadas para impressionar os leitores e inchar os egos de certos autores, eu prefiro a qualidade literária, e os autores que leio são aqueles que eu escolho e não os que me querem impingir as publicidades ou comissões das grandes editoras.

Há poucos dias, alguém dava um testemunho sobre a longeva e conceituadíssima escritora Agustina Bessa Luís, na sequência do seu falecimento, referindo que a certa altura da sua vida, ela tinha sido sondada por uma grande editora para publicar os seus livros. Ao que a escritora respondeu que, na altura em que era ainda pouco conhecida, tinha sido a Guimarães que lhe deu guarida e acreditou nela. Portanto não aceitou o convite.

Apreciei imenso a sua nobre atitude, a qual me fez evocar a modesta «União Gráfica Angrense», da minha terra, cujo espólio é riquíssimo, poucos sabem disso, e pouquíssimos são os que o podem avaliar condignamente.

O jornal que ela publicara, durante mais de um século, infelizmente desapareceu. Era lá que eu desejava compor o «Varanda de Paris». Tudo foi feito para que assim fosse. Era o melhor reconhecimento que se podia prestar à empresa e ao jornal, onde fiz o tirocínio jornalístico, a partir de 1976. Por lá ficaram muitas centenas de páginas sempre escritas graciosamente. E foi nela que, depois da tragédia do encerramento do seu jornal, «as varandas donde não só se avista Paris e o Mundo, como se aspira a brisa dos Açores, que não falta no tem empenho» (CS), puderam ainda ser editadas em 2017.

Há um ano, enviei um exemplar do livro a uma Livraria-Editora de Paris para apreciação. Aguardo o parecer e se for positivo, avançarei mesmo com uma versão em língua francesa, inserindo novos capítulos. Isso é um sonho talvez irrealizável para já, mas «enquanto um homem sonha o mundo pula e avança» e «Pelo sonho é que vamos», seguindo as pegadas de dois eminentes colegas de profissão, ambos professores dos Liceus e grandes poetas: Rómulo de Carvalho (António Gedeão) e Sebastião da Gama.

E aos estimados leitores, actuais e futuros, deixo o preito de homenagem e gratidão, pelos apoios recebidos e por me permitirem, hoje e aqui, lembrar duas efemérides literárias ocorridas este mês.

Infelizmente, o projecto de um novo livro anunciado, no lançamento do dia 7 de Junho de 2017, previsto para este ano, devido a problemas graves de saúde, nos últimos tempos, continua encalhado à espera de ventos mais favoráveis e de melhores ondas.
António Neves Leal
Carlos Alberto Alves

Sobre o autor

Carlos Alberto Alves - Jornalista há mais de 50 anos com crónicas e reportagens na comunicação social desportiva e generalista. Redator do Portal Splish Splash e do site oficial da Confraria Cultural Brasil-Portugal. Colabora semanalmente no programa Rádio Face, da Rádio Ratel, dos Açores. Leia Mais sobre o autor...

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