A ESTRADA DA VIDA...
A vida é uma longa caminhada onde, por vezes, apanhamos um meio de transporte, outras vezes, caminhamos pelos nossos pés.
Quando temos a noção da vida, começamos a vivê-la com muita intensidade, quase resumindo a uns poucos anos, como se o Mundo fosse acabar. Queremos viver várias emoções de uma só vez. Temos pressa em chegar a lugar nenhum, pois a idade e a falta de experiência não nos permite discernir o essencial. E o essencial é tão pouco. A quantidade é inimiga da qualidade.
Passamos uma fase em que o muito é pouco, temos admiração pelos excessos, pela extravagância, por tudo que é apelativo à concupiscência.
Depois, com o passar dos anos, caminhamos mais lentamente, começamos a apreciar outros meios de transporte, mais suaves, delicados, que não tenham pressa de chegar. Não o importa o tempo que demora a viagem, desde que estejamos com as pessoas certas, o que importa realmente, é a chegada. A forma como chegaremos, os espinhos que encontrámos, as vicissitudes, vão permitir que enchemos a nossa mala de viagem. Convém que cheguemos cheios de coisas boas e úteis. Deixemos para trás as futilidades, os excessos, pois a idade não nos facilita nada. Tornamo-nos criteriosos, mais exigentes e suportamos cada vez menos. A capacidade é outra. Então, olhamos para o Mundo e pensamos. Afinal, o Mundo mudou? Mais adiante, compreendemos que o Mundo continua igual, nós é que mudámos.
Convém que tenha mudado para melhor, que tenha aprendido as lições, que seja uma pessoa diferente, com decisões tomadas, mais assertivas. Que tenhamos a maturidade suficiente para tomarmos as medidas certas, aquelas que nos conduzirão à felicidade.
Agora, que estamos a saber viver, a degustar cada momento da vida, começamos a contar o tempo. E queremos quase por favor, que a vida seja bondosa para connosco, que nos dê mais uma oportunidade...primeiro, ver os filhos crescerem, a formarem-se e seguirem a sua vida. Ainda não satisfeitos, acabamos com essa tarefa e pedimos mais, ver os netos. E quem sabe, com mais uns aninhos, conseguimos chegar aos bisnetos.
E com qualidade de vida, aumentamos a longevidade. O incrível é que também aumentamos a esperança de viver. E então, quase por magia, voltamos a ter aquela pressa da juventude, o viver várias emoções de uma só vez, porque se faz tarde, e a vida é curta.
Agora sim! Na segunda metade do século, sabemos viver com qualidade, com experiência e com alguma sabedoria. Mas desejamos regredir no tempo e voltarmos a ser crianças, a fim de que pudéssemos reviver.
E assim é a vida! Um Mundo disponível para todos, mas nem todos o conseguem descodificar, porque a chave da felicidade está bem guardada no cofre da simplicidade, e nós levamos a vida inteira a procurá-la nas alturas, com projectos megalómanos, onde não conseguimos alcançá-la, pois é quase invisível aos olhos da maioria.
17-06-2019
Graziela Rocha Veiga
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