NADA É ETERNO...
Quando somos crianças, nunca temos bem a noção das coisas ou dos acontecimentos tal e qual eles são. Chegamos a pensar que tudo o que nos faz felizes, ou nos agrada, vai permanecer assim eternamente. Como seja, os pais, os avós, enfim...a família, os amigos, vão ficar para sempre connosco.
Pela ordem biológica e normal da vida, primeiro, perdemos os avós. Com essa perda, começamos a sofrer, e conforme a idade, já nos apercebemos que aquela pessoa que tanto amávamos não está mais em nossas vidas, pelo menos, da forma como estava antes, ou idealizámos.
Tal e qual, quando somos crianças e fazemos as nossas construções, tendas e afins, quando chega a hora de desmanchar, deixa-nos sempre uma certa nostalgia, pois queríamos eternizar o temo, ou seja, queríamos que o tempo parasse e nos mantivéssemos naquele momento de felicidade para sempre. É como se algo se desmoronasse, ficamos tristes, não por pensarmos que não voltaremos a reconstruir, mas porque pensamos que não será a mesma coisa, pois aquela construção estava perfeita. Não queríamos por nada perdê-la.
Assim é a vida do dia-a-dia. Quando estamos bem ou felizes, quase não dizemos por palavras, ficamos com receio que essa felicidade acabe, ou que alguém nos diga que afinal a felicidade é outra coisa. Por isso, vivemos mais do que dialogamos. É uma fase em que nos sentimos bem connosco próprios. Até temos receio que alguém descubra, uma espécie de superstição.
Para o ser humano, é fascinante a ideia do eterno, mas como já mencionei, não existe nada eterno, por isso, é aqui que os nossos problemas começam. Estamos susceptíveis aos fins, e, sim, eles realmente acontecem. Nem sempre o namoro dá em casamento, e às vezes o emprego dos nossos sonhos torna-se um verdadeiro pesadelo. Também poderá acontecer a uma amizade de anos, de repente, soar-nos que tudo é falso. Só de pensarmos nessa hipótese, dá-nos uma vontade imensa de enfrentar aquela pessoa e dizermos uma série de verdades, mas normalmente, ficamos no nosso canto, tristes e magoados, pensando no tempo que perdemos em prol daquele amigo, que afinal nunca foi nosso amigo.
É difícil percebermos isso, mas a vida segue o seu próprio rumo e não se compadece de nós. Apenas nos vai deixando lições para que nós aprendamos com elas.
Deixemos o passado no lugar dele. Se for preciso chorar, choremos, se quisermos gritar, gritemos , mas não paremos o nosso tempo por conta daquilo que não aconteceu da maneira como nós sempre imaginámos. O equilíbrio emocional depende da nossa força em recomeçar, e novos caminhos só serão trilhados se nós nos permitirmos a nós próprios, caminhar. Enquanto estivermos parados no tempo e no espaço, nada mudará.
- Nunca esquecer que o sentido é para a frente e nunca para trás.
28-06-2019
Graziela Rocha Veiga
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