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domingo, 30 de junho de 2019

"ZÉ CARLÃO" TAMBÉM É UM DOS NOSSOS


"ZÉ CARLÃO" TAMBÉM É UM DOS NOSSOS

 Só agora, volvidas algumas semanas após o seu falecimento, tive a necessária coragem para falar do “Zé Carlão”, desaparecido do nosso convívio há pouco tempo. Uma notícia que me apanhou de surpresa, porque sempre vi aquela figura num constante vai-vem entre o seu posto de trabalho, a redação e a sala
de composição-paginação. Nunca me apercebi, durante o largo tempo que o conheci, sobretudo no contato diário que mantivemos durante alguns anos, que sofresse de doença cardiovascular. Nem ele se queixava perante os companheiros de trabalho. E o mais curioso é que, na véspera em que foi acometido de ataque cardíaco, se apresentou bem disposto na missa celebrada no Lar dos Idosos da Santa Casa da Misericórdia de Angra do Heroísmo, onde sua mãe se encontra. E foi lá exatamente que, em Dezembro de 2010, o encontramos à entrada do edifício, fumando o seu cigarrinho da ordem. E já que falo de cigarrinho, ficou deveras admirado pelo fato de eu ter deixado esse vício, o que aconteceu quando estive bastante doente. Hoje aconselho os mais novos a não fumarem desalmadamente, isto em relação aos que já estão entranhados no tabagismo.

O “Zé Carlão” foi sempre um funcionário de alto rendimento e, sobretudo, uma pessoa de aquilatável afabilidade para com aqueles que o procuravam. Ao cabo, de uma impressionante correção, daí ser admirado e estimado por todos os colegas e amigos. E não é de admirar que a sua morte tenha sido muito sentida. Recebi essa triste notícia, via facebook, através do Ricardo Laureano. Escusado será dizer que foi forte o impacto da mesma, eu que já tinha saudades do tempo em que ele me procurava a dizer que havia mais anúncios para o jornal da segunda-feira, o que me obrigava a mudar um pouco o esqueleto da respectiva edição, sabendo-se da exigência de alguns clientes para o seu anúncio ser colocado na página em que eles achavam que seria a mais lida. E aqui havia mesmo que aceitar, apesar dos meus resmungos, mas nos lábios do “Zé Carlão” saia sempre um sorriso de satisfação, tendo em linha de conta que a publicidade é um dos maiores suportes financeiros de um jornal.

Há pouco tempo, num dos meus artigos, falei no “jornal do outro lado da vida”, com o JD Macide e outros colegas à nossa espera. Pelos vistos, será um jornal que abrangerá todas as temáticas, porque são muitos (e bons) os escribas que o farão chegar às “bancas dos santos”. Na minha equipa, quero o JD Macide e o outro querido amigo Rui Rodrigues. Partiremos para um jornal composto apenas por gente açoriana. Depois, é só combinar quem chefia a redação, quem serão os editores, mas aqui, para recepcionista e distribuidor de anúncios, já se poderá contar com este reforço de vulto, o “Zé Carlão” que também é (sempre foi) um dos nossos. E foram muitos os escribas da nossa praça, já no “outro lado da vida”, que lidaram com o super “Zé Carlão”. E por todos foi sempre venerado pelo seu espírito de humanismo, não esquecendo o exemplar brio profissional.

“Zé Carlão” peço desculpa por só agora ter arranjado coragem para alinhavar este escrito. Mas, como diz o outro, mais vale tarde do que nunca. E creio que não foi muito tarde. Ao invés do que fizeram outros companheiros, na ocasião faltou-me força para prestar a minha homenagem a um dos mais carismáticos recepcionistas dos últimos trinta anos, por aí... Ele, o grande ser humano que foi, o profissional de se lhe tirar o chapéu.   
Carlos Alberto Alves

Sobre o autor

Carlos Alberto Alves - Jornalista há mais de 50 anos com crónicas e reportagens na comunicação social desportiva e generalista. Redator do Portal Splish Splash e do site oficial da Confraria Cultural Brasil-Portugal. Colabora semanalmente no programa Rádio Face, da Rádio Ratel, dos Açores. Leia Mais sobre o autor...

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