Olho o firmamento,
Procuro bocados de felicidade,
Fragmentos de dor vagueiam, perigosos como meteoritos desgovernados,
As bocas comem beijos sôfregos,
Abraços que abraçam a alma,
Carícias de ventos tão doces e ternos,
Acariciam - nos os cabelos os olhares de olhos fechados,
A saliva abre portas seladas e timbradas,
Labirintos de dor e de gozo,
Escorrem nas vidraças, decoradas de teias de aranha, as lágrimas que outros beijos sangraram,
A cama, ainda está doente, mutilada pelas noites de violência,
As feridas são chagas vivas,
Escorrem sangue a granel,
De morte desejada,
E de repente o sol acorda,
A lua agiganta - se e a vida acontece vestida de nobreza e cambraia transparente,
E olho um rosto que me transmite paz, carinho embrulhado em toques de ternura imensa,
Ressuscito, morro e vivo,
Num campo de concentração, onde me neguei a morrer,
Caminho de mãos dadas sem destino a nenhum destino,
Porquê ser capaz de te abraçar com a alma é um previlégio para quem pensava ter morrido,
A vida, a vida que nos mata, fortacele - nos,
O amor, esse cura - nos.

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