Quisera escrever,
Falar, gritar e matar os fantasmas,
Queria gastar rios de tinta,
Resmas de papel,
Contar as monstruosidades,
Relatar coisas incríveis,
Esvaziar a alma dos pesadelos e ter paz,
Aquela paz interior, que por vezes morre,
Não posso, as barbaridades seriam motivo de
escárnio,
Escárnio, é pouco,
Haveria quem duvidasse das minhas faculdades
mentais.
Quisera escrever, narrar os segredos brutais e
secar as lágrimas,
Um precipício me ronda muitas vezes,
Aparece o poço negro onde estive submersa,
O demónio com cara de anjo, que me sepultou tanto
tempo no inferno,
Ressuscitam tantos cadáveres que julguei mortos,
As marcas do corpo estão curadas,
As cicatrizes, essas, por vezes sangram e gritam,
Limpo as lágrimas, lavo a cara e abraço o meu
mundo,
Guardo os relatos dantescos da sobrevivência,
Um dia, um dia, talvez ainda vejam a luz,
Ou não, quando já não estiver, eles os episódios de
um caminho de chagas, serão capazes de ressuscitar a minha vontade.
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