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485º Aniversário da Cidade de Angra do Heroísmo

sexta-feira, 14 de junho de 2019

Da poetisa escritora Manoella Calheiros - Quisera escrever,



Quisera escrever,

Falar, gritar e matar os fantasmas,

Queria gastar rios de tinta,
Resmas de papel,
Contar as monstruosidades,
Relatar coisas incríveis,
Esvaziar a alma dos pesadelos e ter paz,
Aquela paz interior, que por vezes morre,
Não posso, as barbaridades seriam motivo de escárnio, 
Escárnio, é pouco,
Haveria quem duvidasse das minhas faculdades mentais. 
Quisera escrever, narrar os segredos brutais e secar as lágrimas,
Um precipício me ronda muitas vezes,
Aparece o poço negro onde estive submersa,
O demónio com cara de anjo, que me sepultou tanto tempo no inferno,
Ressuscitam tantos cadáveres que julguei mortos,
As marcas do corpo estão curadas,
As cicatrizes, essas, por vezes sangram e gritam,
Limpo as lágrimas, lavo a cara e abraço o meu mundo,
Guardo os relatos dantescos da sobrevivência,
Um dia, um dia, talvez ainda vejam a luz, 
Ou não, quando já não estiver, eles os episódios de um caminho de chagas, serão capazes de ressuscitar a minha vontade.


Carlos Alberto Alves

Sobre o autor

Carlos Alberto Alves - Jornalista há mais de 50 anos com crónicas e reportagens na comunicação social desportiva e generalista. Redator do Portal Splish Splash e do site oficial da Confraria Cultural Brasil-Portugal. Colabora semanalmente no programa Rádio Face, da Rádio Ratel, dos Açores. Leia Mais sobre o autor...

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