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domingo, 16 de junho de 2019

DIOGO PIMENTEL - RÁDIO E PINTURA O QUE MAIS O FASCINAVA




DIOGO PIMENTEL  - RÁDIO E PINTURA O QUE MAIS O FASCINAVA 

Muita gente se lembra de Diogo Pimentel na Terceira, vindo da ilha do Pico. Um fervoroso adepto do Sport Club Angrense e que, entre outros, depois de se estabelecer nos Estados Unidos, passou a ser um dos grandes amigos do poeta Álamo de Oliveira, tendo este, inclusive, participado na exposição de pintura
que Diogo Pimentel promoveu, creio que na Câmara de Fall River.

Mecânico de profissão (chefe de si próprio), Diogo Pimentel tinha na rádio e na pintura os seus grandes hobbies. Na pintura, apresentava-se uma vez por mês no canal português de televisão em New Bedford e na rádio sempre presente diariamente. Aliás, a Rádio Ponte, por ele fundada, era a menina dos seus olhos, assumindo-se como um locutor possuidor de uma voz cativante a que terá faltado, apenas, um pouco mais do chamado “domínio”. A voz de Diogo Pimentel, em termos de dicção, tinha um peso muito grande, manda a verdade dizer.

Sempre que me deslocava aos Estados Unidos, e falo em relação às últimas cinco vezes, estava com Diogo Pimentel na sua rádio, colaborando em assuntos de caráter desportivos e, também, em outras áreas . Recordo-me que, numa dessas deslocações, estava acesa a luta pelos lugares de vereadores na Câmara de Fall River e, como tal, Diogo Pimentel promoveu vários debates e entrevistas com candidatos. Participei em dois-três encontros com essas pessoas viradas para a política, mas, o que mais me impressionou foi o fato do Alfredo Alves, proprietário da conhecida Tabacaria Açoreana (Fall River), aceitar o convite com uma condição “sine quanon”. Esta: se fosse apenas entrevista por mim. Como não achei correto, entendi que o mesmo sistema teria que ser mantido, isto é, com o Diogo Pimentel no comando das operações e eu, apenas, como colaborador, digamos um auxiliar. Mais tarde tomei conhecimento que, entre ambos, existia um mal-estar, exatamente por questões de pontos de vista diferentes. De qualquer forma, tenho que confessar que sempre respeitei o Alfredo Alves, mas, naquele caso, solidário com o Diogo Pimentel.

Na Rádio Ponte, estava sempre acompanhado pelo Ildeberto Alves e pelo Carlos Alberto Goulart, também eles colaboradores do Diogo Pimentel na área desportiva. Numa dessas viagens, quando cheguei aos Estados Unidos, fui logo informado que, na companhia dos dois citados, iria fazer uma transmissão direta do Canadá (Toronto) para os Estados Unidos, acompanhando os veteranos de um clube micaelense , creio que o Desportivo de Vila Franca. Foi uma viagem penosa, de autocarro (no Brasil diz-se ônibus), em pleno mês de Julho (calor imenso) e por um final de semana (ir na sexta e vir no domingo à noite). Era a primeira vez que se fazia uma transmissão direta de Toronto para a Rádio Ponte,acabando por correr satisfatoriamente, para gáudio do Diogo Pimentel, sempre orgulhoso do que se fazia de positivo na Rádio Ponte. Mais tarde, passei a entrar diretamente às segundas-feiras (via telefone) da ilha Terceira com notícias dos Açores e comentários, tendo me sido, posteriormente, atribuído um diploma pelos bons serviços prestados e que guardo religiosamente.

Ironia do destino, por ocasião do sismo do Faial, o Diogo Pimentel estava de férias no Pico com a esposa e o filho mais novo e eu na Horta, também de férias. Do susto também não se livrou porque, na zona onde ele se encontrava, a terra também tremeu muito. Aprazamos um almoço na Horta, no qual participaram uns tios do Diogo Pimentel que moravam na Espalamaca. Os abalos telúricos ainda se sucediam (as chamadas réplicas) e, quando almoçávamos num conhecido restaurante da cidade da Horta, a terra voltou a ser sacudida.

Diogo Pimentel foi sempre um amigo presente e também da minha parte sempre contou com uma desinteressada colaboração. Depois que saiamos da Rádio Ponte, era inevitável a passagem por um local onde pudéssemos refrescar a garganta. Muitas vezes as nossas cavaqueiras (ele, eu, o Ildeberto Alves e o Carlos Alberto Goulart) ultrapassavam os limites (...) de horas, não por mim, mas sim pelos restantes amigos que trabalhavam  no dia seguinte.

Talvez muito mais havia para dizer sobre Diogo Pimentel, mas creio que, do nosso contato direto, ficou o essencial como preito de homenagem e o desejo que DESCANSE EM PAZ no “outro lado da vida”.

PS – Lendo o meu artigo sobre os “verdadeiros amigos da Diáspora”, o meu amigo Jorge Medeiros (lembram-se dele? Antigo funcionário da SATA), e uma vez que eu lá citei o nome do Diogo Pimentel, informou-me, via facebook, do seu falecimento, que eu desconhecia por completo.

Carlos Alberto Alves

Sobre o autor

Carlos Alberto Alves - Jornalista há mais de 50 anos com crónicas e reportagens na comunicação social desportiva e generalista. Redator do Portal Splish Splash e do site oficial da Confraria Cultural Brasil-Portugal. Colabora semanalmente no programa Rádio Face, da Rádio Ratel, dos Açores. Leia Mais sobre o autor...

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